O consumo de produtos de agricultura biológica tem vindo a crescer nos países desenvolvidos. São duas as razões que levam os consumidores a escolher este tipo de produtos: a saúde e o ambiente, sendo estas razões também o que distingue os dois tipos gerais de consumidores. Se existe um grupo de consumidores esporádicos, cuja escolha é orientada por preocupações de saúde, também se encontram consumidores fiéis, que geralmente fazem todas as suas compras em lojas de produtos biológicos e cujas preocupações com o ambiente também pesam na escolha deste tipo de alimentação.
Num estudo comparativo entre as atitudes dos consumidores portugueses e alemães em relação a produtos de agricultura biológica, verificou-se uma atitude geral positiva em ambos os países*. No entanto, essa atitude positiva não se traduziu num comportamento de consumo proporcional, apesar das intenções de compra dos inquiridos no estudo serem elevadas, o consumo verificou-se baixo.
Este cenário poderia então indicar que os consumidores, em particular os esporádicos, eram desviados da sua vontade de comprar biológico pelos preços desses produtos, levando os autores a esperar que com um aumento da oferta de produtos biológicos, e com a redução dos custos unitários de produção, este segmento se tornasse mais acessível aos consumidores.
Uma vez que o estudo em questão data de 2008, fomos em busca da situação presente, ou de que forma a situação tem evoluído. Se bem que os preços de produtos biológicos continuam a ser relativamente mais elevados do que os de agricultura convencional, o que em tempos de crise tem impacto óbvio na escolha, existe também uma evolução positiva. Em particular, os consumidores em 2008 consideravam os produtos menos apelativos do que os convencionais (em particular na Alemanha), o que hoje em dia já não se verifica, quer a nível da aparência dos vegetais em cru, quer no tipo de embalagem dos transformados, que tem evoluído bastante. Destaca-se ainda que as intenções de consumo se verificaram mais positivas em relação a produtos frescos do que transformados.
Por fim, é interessante verificar que os consumidores portugueses apontavam como uma razão importante para não comprar a simples inexistência dos produtos nos seus locais de compra frequentes (em geral hipermercados).
Se bem que os cenários previsíveis de aumento da área de agricultura biológica e relativa redução de custos de produção são realidade, o efeito da crise pode estar a impedir um maior consumo destes produtos. No entanto, também já em 2008 se apontava para uma necessidade de foco no marketing destes alimentos.
*Consulte aqui o artigo de investigadores do CEFAGE – Universidade de Évora.
Deixe o seu comentário