O melhoramento animal desde sempre tem sido baseado na observação fenotípica e registo destes caracteres para estimar o potencial reprodutor.
Desde os anos noventa que o desenvolvimento da genética molecular pôs ao dispor dos melhoradores marcadores moleculares com o potencial de serem usados como caracteres a ter em conta nos programas de melhoramento. No entanto, o uso destes marcadores tem-se revelado pouco útil em programas de melhoramento, dado que muitas das características de interesse em melhoramento animal são comandadas por milhares de genes, sendo difícil determinar estatisticamente os efeitos de cada um deles no fenótipo, dado serem de facto efeitos muito pequenos. Em termos práticos, nos estudos científicos mesmo a utilização de amostras de milhares de indivíduos não garante a fiabilidade dos resultados, já em programas de melhoramento de raças, podemos nem ter um número suficientemente grande de indivíduos para observar.
Surgiu assim a necessidade de alternativas de modo a poder fazer evoluir o melhoramento animal. A seleção genómica baseia-se em três grandes avanços: a sequenciação de genomas, a descoberta da existência de inúmeros marcadores moleculares (pode-se identificar variações em apenas um nucleótido) e toda a evolução dos computadores e da eletrónica em termos de gestão de grandes quantidades de amostras, capacidade de memória e análise de dados.
Esta evolução tecnológica tem o potencial de redesenhar o modo como se faz melhoramento animal. Ao utilizar dados genotípicos em vez de fenotípicos, o melhoramento torna-se muito mais horizontal, tornando menos importantes os registos de linhagens e de indivíduos de topo. Ou seja, ao ter acesso à informação genética de cada indivíduo, sabendo que a combinação de genes é mais importante que um único gene, são os cruzamentos em si que ganham mais importância.
Numa revisão do estado da arte em genómica e melhoramento*, foram identificadas potenciais aplicações destas metodologias, em vacas leiteiras, suínos e poedeiras, espécies para as quais existem já grandes bases de dados e consórcios de investigação internacionais.
Claro que a generalização da aplicação destas metodologias estará sempre dependente dos custos de desenvolvimento e utilização de tecnologias baseadas no estudo do ADN, bem como de armazenamento e análise de dados. No entanto, nestes programas todos os indivíduos contam para o melhoramento, em vez de apenas alguns reprodutores, o que permitirá acelerar resultados, em termos de novas gerações melhoradas.
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