O uso de ovinos para controlo de infestantes em vinhas e pomares é uma prática antiga, que tem vindo a ganhar interesse novamente, como forma de reduzir os impactos ambientais do controlo químico ou mecânico das infestantes. No entanto, o recurso ao pastoreio como forma de monda implica o controlo dos animais, de forma a evitar danos nas culturas.
Na vinha, em particular, existe o risco das ovelhas se alimentarem das folhas ou das uvas, o que limita as épocas do ano em que podem ser introduzidas nos campos. Outra limitação ao uso dos animais é a escassez de pastores em certas regiões, de forma a manter os rebanhos controlados enquanto estão nas vinhas.
Partindo das oportunidades e limitações anteriores, surgiu em Portugal o projecto SheepIT, envolvendo investigadores das universidades de Aveiro e Trás-os-Montes-e-Alto-Douro. Este visa desenvolver uma solução de gestão do pastoreio baseada em IoT (Internet of Things).
A solução que está a ser desenvolvida visa ser capaz de manter as ovelhas dentro de uma área delimitada e controlar a sua postura, de modo a que pastem sem danificarem as videiras. Adicionalmente, um sistema deste tipo permite recolher dados biométricos e comportamentais. Alguns dos principais desafios estão relacionados com a autonomia dos identificadores e o seu peso, de modo a não sobrecarregar os animais. Outros dados importantes são a delimitação geográfica das áreas de pastoreio, a localização dos animais e o desenvolvimento de cercas virtuais; a detecção da postura dos animais, de modo a identificar se estão a alimentar-se das vinhas e o desenvolvimento de avisos sonoros de modo a restringir este comportamento; e todo um conjunto de sensores capazes de recolher dados individuais e do rebanho e uma interface que permita a transferência de toda a informação recolhida para um computador central ou cloud.
Os investigadores constataram que já existem todas as tecnologias necessárias para implementar um sistema deste tipo. No entanto, até agora ainda não foi desenvolvido um sistema IoT com todas estas funções incluídas.
Um dos maiores desafios encontrados até agora foi o desenvolvimento de uma coleira leve, essa limitação tem implicações na autonomia das baterias e impõe grande eficiência energética. No presente já foi testada a infraestrutura de comunicação com resultados encorajadores, em particular na autonomia de vários meses das coleiras e na capacidade do sistema albergar dados de mais de um milhar de animais.
Saiba mais aqui.
Deixe o seu comentário