No novo modelo de gestão precisa (a homonímia da palavra refere-se não só a sua necessidade como também à precisão) de explorações agrícolas, podemos referir que este está, genericamente, assente em quatro fases básicas: recolha e/ou medição dos dados; análise e interpretação dos dados produzindo-se, entretanto, informação; decisão e por último aplicação ou ação no terreno.

Esta abordagem remete-nos para o princípio da relação entre dados, informação e conhecimento, que importa agora distinguir. Neste princípio, dados, em sentido lato, podem ser descritos como simples observações do mundo, factos em bruto não resumidos ou analisados. Informação é o resultado do processamento dos dados, que foram convertidos numa forma facilmente utilizável por parte de quem decide. Os dados são considerados a matéria-prima usada para produzir a informação. O conhecimento é a capacidade de utilizar a informação no processo de tomada de decisão. Informação é assim o conjunto de dados que quando fornecido de forma e a tempo adequado, melhora o conhecimento do agente que o recebe ficando este mais habilitado a desenvolver determinada atividade ou a tomar determinada decisão.

Para melhor perceber esta relação tomemos como exemplo muito simples, a decisão de plantar determinada fruteira em determinada região, que tem como um dos requisitos agronómicos, um determinado número horas de frio. O processo começa por recolher as séries temporais (dados) da região em estudo, calcular o número de horas de frio, total de horas com temperatura inferiores a 7,2ºC (portanto, processar dados, obter informação) e, por último, tomar a decisão de plantar ou não plantar com base na informação obtida.

Enquanto recurso produtivo, a informação terá de possuir valor para o utilizador, isto é, terá de preencher um conjunto de requisitos de forma, conteúdo e temporalidade que irão garantir que a mesma será útil na tomada de decisão que irá suportar. A dimensão temporal da informação engloba as características de oportunidade, se a informação é necessária; e atualidade, se a informação está atualizada ou desatualizada. Uma outra característica da informação, talvez a que se reveste de maior importância, é o conteúdo. Os aspetos mais importantes desta dimensão da informação são a exatidão, informação livre de erros; a relevância, se a informação está relacionada com o problema em questão; e a sua totalidade, se a informação cobre com detalhe suficiente, a totalidade de um determinado problema. A última dimensão da informação, a forma, relaciona-se com o facto de como a informação é fornecida. As suas características incluem o detalhe, informação com maior ou menor grau de pormenor e; apresentação, em que a informação terá de ser apresentada no formato mais adequado.

Deste modo, para apoiar a tomada de decisão, os decisores necessitam da informação correta (conteúdo), no momento certo (tempo) e no formato adequado (forma).

No contexto da exploração agrícola, a informação e a sua gestão torna-se num facto crítico de sucesso para o empresário agrícola, pois este vive da constante tomada de decisão sobre fatores de produção, plantas, animais, ambiente, etc, tendo que constantemente recorrer a informação. Gerir a informação será, pois, decidir o que fazer com base em informação e decidir o que fazer sobre informação, na era do excesso de oferta de informação e da escassez de conhecimento.

O empresário agrícola terá de estar munido de ferramentas que façam dele um gestor de informação e do conhecimento eficiente e eficaz, para garantir o sucesso da sua exploração.

 

Miguel Fernandes

Engº Agrónomo