Esta semana voltamos a pensar no montado, abordando a sua dimensão animal. Montado é também silvo-pastorícia e nesta perspectiva, a manutenção do ecossistema exige também atenção aos seus habitantes ruminantes e ao uso das pastagens.
É um dado adquirido que os herbívoros são essenciais na manutenção e saúde do ecossistema montado, tendo um papel importante na eliminação de vegetação excessiva e prevenção de incêndios e permitindo o aproveitamento económico para além da exploração florestal estrita. No entanto, tem-se verificado uma tendência para a intensificação do pastoreio que poderá pôr em risco a regeneração e a biodiversidade.
A adequada quantificação e identificação do sobre-pastoreio é o ponto de partida essencial para decidir e bem gerir. A definição de sobre-pastoreio implica danos irreversíveis na cobertura vegetal, exposição dos solos e erosão. Os danos causados aos solos vão mais tarde ter os seus impactos na própria produtividade animal.
Geralmente a questão da pressão de pastoreio é abordada tendo em conta o número de animais por hectare, no entanto, dependendo de variáveis climáticas e botânicas, o sobre-pastoreio pode ocorrer com qualquer densidade de animais. De facto, muitas vezes somos levados a pensar apenas no número de animais, esquecendo o tempo que eles passam na área em questão.
Tendo em conta toda a diversidade de variáveis do problema e os possíveis interesses antagónicos na avaliação das mesmas (por exemplo, os diferentes pontos de vista de biólogos e agrónomos) existem investigadores que se têm dedicado a desenvolver metodologias de identificação e quantificação dos efeitos dos animais na regeneração e manutenção do ecossistema montado*. Estes chamam a atenção para sinais de alarme que possam indicar sobre exploração da pastagem, tais como alterações na diversidade de plantas, tempo que os animais dedicam a pastar, ou aumento de solo descoberto. Propõem ainda o uso de tecnologias sem fios para uma melhor articulação da informação ao longo do tempo. Chamam ainda a atenção para a simplicidade de uso destas tecnologias quando se recorre a smartphones, com os quais se pode facilmente fotografar, usar GPS para identificar a localização e armazenar a informação ao longo do tempo.
Temos então o problema identificado e uma ferramenta fácil de usar para o resolver. Será então uma questão de tempo até ter nas nossas mãos uma aplicação que nos permita armazenar e trocar informação para melhor gerir o montado?
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