A procura por produtos de origem animal, em especial carne, tende a aumentar nos próximos anos, com a emergência de novas classes médias em países em desenvolvimento e a manutenção dos hábitos alimentares nos países desenvolvidos. Esta pressão da procura de carne e produtos de origem animal exige cada vez mais novas soluções da parte da zootecnia, nomeadamente novas fontes de alimentos para animais.

O recurso a algas na alimentação animal é conhecido há largos séculos, fazendo parte de diversas práticas culturais de regiões costeiras. As algas são um alimento rico em proteínas, lípidos, vitaminas e pigmentos. A sua grande concentração de polissacarídeos torna a sua digestão mais difícil para monogástricos, mas não para ruminantes.

aqui divulgámos um estudo sobre aquacultura multitrófica integrada na Ria de Aveiro. Numa tentativa de integração ainda maior, é nesta região que também se estão a realizar estudos para avaliar o potencial de algas verdes e vermelhas, vindas de tanques de aquacultura, na alimentação de ovinos.

A avaliação da digestibilidade das algas foi realizada em ovinos cruzados de Merino. As dietas testadas consistiam em: 75% de luzerna e 25% de Gracillaria vermiculophylla (uma alga vermelha); 75% de luzerna e 25% Ulva rigida (alface do mar, uma alga verde); e um controlo de 100% luzerna. Todas estas dietas foram suplementadas com uma mistura de minerais e vitaminas. As fezes dos animais foram recolhidas e analisadas e o peso dos animais foi registado no início e no fim de cada ensaio. Também a composição em termos de nutrientes de cada dieta foi avaliada.

Verificou-se que os animais consumiram uma quantidade de dieta de luzerna cerca de 25% superior à das dietas com algas. Os investigadores creem que isto se deve à menor palatibilidade das algas e que poderá ser reduzida a quantidade de algas a inserir nas dietas, até porque consideram que a quantidade usada nos ensaios é irrealista em termos de disponibilidade de algas para consumo animal.

As análises à digestibilidade da matéria seca mostraram que as dietas com algas vermelhas e verdes eram respectivamente 4 e 6% menos digestíveis que a dieta de luzerna. Também foram investigados possíveis efeitos nas funções imunitárias, que não se verificaram, o que indica que estas espécies são seguras para uso na alimentação de ruminantes.

Os resultados apontam para que o maior constrangimento ao uso de algas seja a baixa digestibilidade da fibra e o elevado teor de minerais.

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