Esta semana chamou-me a atenção um artigo do site no-tillfarmer.com, sobre incentivos à não-mobilização. Assim, em vez de divulgar um artigo de investigação, proponho uma vista de olhos sobre o que se passa nos Estados Unidos em termos de agricultura de conservação.
A questão sobre os incentivos surgiu em Junho a propósito da nova legislação para a agricultura. Tendo em conta a dimensão do sector agrícola norte-americano e o crescimento da área em não-mobilização, qualquer mudança lá terá impacto mundial e muito particularmente na vida dos agricultores europeus.
Para os norte-americanos, a não-mobilização surge em certas partes do país como uma necessidade urgente para minimizar a erosão e perda de nutrientes, com impactos como eutrofização de lagos e tempestades de poeira. Para fazer face a estes problemas ambientais tão óbvios, os agricultores pedem mais subsídios para mudar mentalidades. Para os defensores da agricultura de conservação, os benefícios em termos de poupança de combustível e mão-de-obra são de tal forma óbvios que não necessitam de mais incentivos. Outros sustentam outra forma de incentivos através da redução dos prémios de seguros agrícolas. Justificam que se a agricultura de conservação aumenta a saúde dos solos, com maior teor de matéria orgânica e maior capacidade de retenção de água, que por sua vez os tornam mais resistentes a situações climáticas extremas, como secas ou inundações, então se trata de um sistema agrícola de menor risco.
E para nós, europeus? Qual o impacto de mais subsídios aos agricultores norte-americanos? (O valor do orçamento para a agricultura e ambiente não era conhecido aquando desta discussão). De que forma isso teria impacto na agricultura europeia e na sua competitividade a nível mundial?
Note-se que, em 2014, 75% da área mundial de agricultura de conservação se concentrava na América do Norte e do Sul e apenas 1,4% na Europa.
Mas também vale a pena voltar a olhar para os incentivos à agricultura de conservação na Europa e, em particular, Portugal. Será necessário criar mais incentivos, como subsídios, para atrair novos “conservadores do solo”, ou será que a simples observação racional e contabilização de redução de custos de operação é suficiente para mudar mentalidades?
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