Nos últimos anos tem-se observado uma tendência dos consumidores para procurar alimentos capazes de satisfazer necessidades nutricionais particulares. Entre modas e tendências, um tipo de produtos que emergem são os alimentos funcionais, capazes de fornecer benefícios a funções específicas do corpo humano, melhorando parâmetros de bem-estar ou de saúde. Alguns governos, como o do Japão, consideram mesmo que estes alimentos podem ter impactos positivos em termos de saúde pública e redução da despesa do estado em saúde.
A carne poderá ser tanto um alimento funcional como um alimento nefasto, dependendo da espécie e ainda mais da forma como é produzida e manipulada. Neste ponto, o tipo de dieta a que os animais são sujeitos tem grande influência no tipo de ácidos gordos produzidos.
Uma vez que a Itália é o maior consumidor europeu de carne de coelho, é deste país que vem grande parte da investigação sobre a produção e melhoramento das características da carne. Mas, em geral, os países de ambos os lados do Mediterrâneo consomem e investigam esta espécie. Esta semana, focamo-nos em dois artigos, um italiano e outro grego, que estudam as características da carne de coelho.
O coelho tem à partida uma carne com baixo teor de gordura, o que a torna interessante. Mas o tipo de dieta permite influenciar o tipo de ácidos gordos. Pode também fornecer outras propriedades interessantes, tais como aumentar o teor de antioxidantes. Aqui alguns alimentos naturais podem ser usados como suplementação, sendo os orégãos dos mais interessantes, juntamente com a sálvia e especiarias como a noz-moscada, ou a canela.
Outro dado interessante tem a ver com as condições de alojamento dos animais, que permitem através do exercício ou estimulação, desenvolver perfis de ácidos gordos mais saudáveis.
Mas se por um lado a produção de coelho manso permite favorecer certas características da carne, também na caça ao coelho bravo existem formas de obter estas vantagens nutricionais. Num estudo realizado na ilha grega de Lemnos, foram caracterizadas as propriedades das carcaças de coelho bravo ao longo da época de caça. Neste estudo foram observadas amostras de coelhos caçados nos meses de Setembro, Novembro e Março e comparadas em termos de perfis de ácidos gordos. Uma análise estatística permitiu caracterizar de forma diferente as características das carcaças conforme a época em que os animais foram caçados. Na Primavera, quando a quantidade de erva fresca à disposição é maior, a carne coelho bravo apresenta maior quantidade de ácidos “ómega-3” de cadeia longa e menor de “ómega-6” de cadeia longa. No entanto, ao longo de toda a época de caça , a carne de coelho bravo apresenta sempre valores interessantes de ácidos gordos de cadeia longa.

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