As alterações climáticas têm vindo a sentir-se de forma gradual nas regiões mediterrânicas, com padrões de chuva e temperatura a atingir valores extremos. Estes extremos afectam as plantas, criando fortes preocupações em culturas perenes, cujos ciclos de produção longos são mais difíceis de adaptar, do ponto de vista da produção, a variações nas condições. Para além destas características, os programas de melhoramento foram ao longo do tempo geralmente dirigidos ao aumento de produtividade ou qualidade dos frutos, reduzindo, por vezes a capacidade de adaptação.
No entanto, alguns progressos têm vindo a ser feito no melhoramento para adaptação a alterações climáticas. A sequenciação dos genomas da oliveira, videira, laranjeira e clementina, que já está completa, permite desenvolver novas ferramentas de melhoramento, mas até agora ainda há muito por onde explorar.
Os efeitos das alterações climáticas já estão a fazer-se sentir, com antecipação do tempo de colheita, aumento do teor de açúcar, afectando o álcool do vinho, menos cor e acidez, notada nos citrinos e em uvas, ou redução do teor de ácido oleico nas azeitonas.
Outros problemas causados pelas alterações estão relacionados com a polinização, sendo que a redução do período de floração reduz também o período disponível para polinização e pode até significar desfasamentos entre os ciclos das plantas e dos polinizadores.
A selecção assistida por marcadores moleculares pode permitir recorrer a colecções de germoplasma para explorar caracteres que permitam melhor adaptação às alterações. Mas, para além das características genéticas, também a metabolómica poderá vir a ser usada.
Uma associação de centros de investigação baseados em países da bacia do Mediterrâneo, compilou os avanços que têm vindo a ser feitos na investigação em citrinos, vinha e oliveira. Os diversos estudos apontam para que no melhoramento da videira o facto de esta ter o genoma totalmente sequenciado será o melhor ponto de partida para uma nova era de melhoramento. Já nos citrinos, parece ainda haver limitações na utilização destes métodos. Na oliveira existem resultados mais positivos.
Um resultado geral a muitos estudos aponta para que a poliploidização poderá ser uma form abastante expedita de aumentar o potencial de adaptação de cada planta a cenários de mudança ambiental.
O conjunto de ferramentas moleculares e baseadas no que se vem denominando como ómica, é cada vez maior e mais complexo.
Mas o melhor é mesmo saber mais aqui.
Deixe o seu comentário