O piolho cinzento (Dysaphis plantaginea) é uma das principais pragas da macieira, completando o seu ciclo entre o seu hospedeiro principal, a macieira, e o secundário plantas do género Plantago, como a língua-de-ovelha.
O piolho cinzento da macieira tem o ciclo de vida perfeitamente adaptado ao ciclo do seu hospedeiro, passando o Inverno no estado de ovo, eclodindo com o início da floração. Em geral, as ninfas da primeira geração do ano não causam grandes danos, alimentando-se de folhas, mas os adultos e gerações seguintes já podem atacar os frutos em formação, deformando-os e tornando-os não comercializáveis. No início do Verão, migram para o hospedeiro secundário, de onde no fim da estação emerge uma nova geração alada de machos e fêmeas, que voltará para a macieira, sem que cause novos estragos até à eclosão dos ovos na Primavera seguinte.
Em geral, o controlo da praga faz-se atacando a geração fundadora, no início da floração, sendo considerada eficaz a pulverização com azadiractina em pomares biológicos, para além da manutenção da fauna de predadores e parasitoides, sem que se tenha até agora verificado um controlo eficaz apenas com recurso a estes auxiliares.
O facto de apenas existir uma substância homologada para agricultura biológica capaz de controlar esta praga poderá estará a criar uma grande pressão evolutiva nas populações de afídeos, temendo-se a possibilidade de ocorrência de resistências, ficando então os agricultores em modo biológico sem opções. Esta realidade levou ao estudo de estratégias alternativas para o controlo do piolho cinzento da macieira, geralmente baseadas na pulverização no Outono com substâncias como extrato de alho, rotenona, caulino e piretrinas. Os primeiros estudos, realizados no Reino Unido e na Suíça, indicaram uma redução da geração fundadora com uma pulverização de piretrina. No entanto, o facto de as temperaturas de Primavera serem superiores no Sul da Europa, promovendo um crescimento mais rápido desta praga, não permite uma transferência automática dos resultados para as nossas condições. Foi este o mote para um estudo realizado na Catalunha entre 2005 e 2010, onde se testaram os efeitos de pulverizações de Outono com insecticidas passíveis de serem usados em agricultura biológica, bem como ainda um tratamento de desfoliação.
Os resultados dos ensaios realizados em pomares experimentais em Lleida, apontam no geral para uma redução das fêmeas ovíparas após pulverização com piretrinas, o que leva à recomendação da repetição de pulverizações desde o fim de Outubro, quando esta geração surge nos pomares da região, até à queda da folha, de forma a prevenir as posturas de ovos e assim a infestação na Primavera seguinte. Os resultados apontam para a importância da continuidade do tratamento até à total queda das folhas, indicando três pulverizações como o ensaio com os resultados mais promissores.
Também a remoção manual de folhas das árvores foi eficaz na redução da infestação de Outono, já que estas árvores não foram procuradas pelas formas aladas que migraram das orelhas-de-ovelha. No entanto, esta prática não será viável em pomares comerciais, podendo ainda ter consequências negativas como feridas e consequentes doenças que possam ocorrer.
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