A agricultura urbana tem vindo a ganhar adeptos por todo o mundo. No nosso país as hortas urbanas têm tido grande sucesso, trazendo um pouco de campo aos habitantes das cidades, mas poderão as cidades do futuro beneficiar da produção vegetal para serem mais sustentáveis? A resposta parece estar na integração de várias áreas da engenharia.
Num estudo de caso, realizado na Universidade Autónoma de Barcelona, foi instalada uma estufa integrada no telhado de um dos edifícios. Esta construção foi desenhada de forma a poder trocar calor, dióxido de carbono e água com o restante edifício do Instituto de Ciência e Tecnologia Ambiental. Para além de todo o planeamento prévio, que contou com especialistas de várias áreas, também após a construção tem vindo a ser monitorizado, de forma a verificar a eficiência energética.
A ideia de uma estufa integrada em cobertura de edifícios está baseada em quatro pilares: a simbiose entre a estufa e o restante edifício, reutilizando os fluxos residuais de carbono, água e energia; a integração total dos elementos e funções da estufa no edifício; a redução do impacto ambiental e elevada eficiência energética; e a produção de alimentos, com vista a uma autossuficiência das cidades em alguns produtos agrícolas.
A estufa desenvolvida neste estudo tem uma área de 128 metros quadrados e no primeiro ano de funcionamento (2015) produziu 989kg de tomate, sendo 85% de calibre comercial.
Ao longo do ano de 2015, os investigadores de várias áreas monitorizaram os parâmetros ambientais da estufa, comparando-os com estufas convencionais. As temperaturas médias variaram entre 16,5ºC no Inverno e 25,9ºC no Verão. A temperatura mínima absoluta medida na estufa foi de 6,3ºC na noite mais fria desse ano, onde no exterior se mediu -3,6ºC. Verificaram que em estufas comerciais na região as temperaturas mínimas atingidas foram inferiores, explicando-se por a estufa beneficiar da inércia térmica do betão do restante edifício, enquanto nas outras não existe geralmente qualquer tipo de aquecimento.
Já no Verão, as temperaturas no interior da estufa foram superiores às exteriores, o que levou a redesenhar o tempo de resposta a temperaturas elevadas, com melhor e mais rápida abertura de janelas e ventilação.
A agricultura em espaço urbano toma diversas formas em todo o mundo, é mesmo responsável por 15 a 20% de todos os alimentos produzidos, sendo mais importante em países em desenvolvimento. A utilização de estufas ganha relevo em espaços densamente povoados. Já a integração da produção vegetal com a construção de edifícios gera o interesse de municípios, quando se verifica o elevado consumo energético associado ao aquecimento e arrefecimento dos edifícios, bem como a sua manutenção e funcionamento.
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