Desde os anos 90 que a tendência para industrialização das suiniculturas se tornou a norma em grande parte do mundo. Só nos Estados Unidos 91% dos porcos são produzidos em grandes explorações, com mais de 5000 animais, pertencentes a grandes empresas. Esta tendência de intensificação foi deixando de fora os pequenos produtores, para os quais o custo com o investimento neste tipo de instalações seria incomportável. A forma de se manterem competitivos foi regressar ou continuar na criação ao ar-livre, o que se vem revelando uma opção inteligente, como verificaram investigadores de duas universidades americanas.
A intensificação da produção de suínos tem como pressuposto que esta será mais produtiva e que as medidas de desempenho reprodutivo e de crescimento são melhores neste sistema. No entanto, uma série de estudos tem vindo a verificar que não existem diferenças significativas entre o sistema com animais confinados e o sistema ao ar livre, sendo que parecem existir oportunidades de melhoramento da produtividade ao ar livre.
Uma revisão da literatura científica sobre a matéria foi em busca de comparações entre medidas de produtividade e informações essenciais à tomada de decisão: desempenho reprodutivo; crescimento; qualidade da carne e preferências dos consumidores; e saúde animal.
O desempenho reprodutivo é geralmente apontado como sendo superior em animais criados em ambiente protegido, em sistemas intensivos. Alguns estudos comparativos têm verificado que não existem diferenças de fertilidade nos dois sistemas, com o benefício de níveis de stress das progenitoras mais baixos nos sistemas ao ar livre. No entanto, a mortalidade ao ar livre tende a ser superior, em particular, nestes estudos, devido às baixas temperaturas dos locais onde foram realizados nos estados Unidos. Já num estudo realizado na Suécia, verificaram para a mesma raça, o tamanho maior das ninhadas ao ar livre.
Quanto ao crescimento, foi observado que os animais ao ar livre se movem mais, necessitando de mais alimento. No entanto estes animais geralmente nascem mais pesados, atingindo pesos maiores aos 140 dias. A conclusão mais prevalente em vários estudos foi a maior variabilidade dos resultados ao ar livre, devido à influência do clima (em geral os estudos foram realizados no Norte da Europa ou dos estados Unidos, sendo o frio um elemento importante).
Quanto às preferências dos consumidores, os pequenos produtores extensivos tendem a apostar na qualidade da carne como diferenciador dos seus produtos. A carne de animais criados ao ar livre é por exemplo geralmente mais vermelha e apelativa aos consumidores, sendo esta a principal característica distintiva.
Por fim, a saúde e bem-estar animal também foi avaliada, com resultados divergentes. Se por um lado a probabilidade de contrair doenças transmitidas pelo ar é menor em animais ao ar livre, estes estão mais expostos a helmintas e bactérias presentes no solo. No entanto, verifica-se que entre diferentes sistemas de produção, aqueles que mais promovem o bem-estar são de facto aqueles onde os animais contactam com o solo, podendo reproduzir comportamentos naturais da espécie.
Tomadas todas as informações nos estudos analisados por estes investigadores eles concluem que o futuro será mais “verde”, sendo o maior desafio o aumento da qualidade percebida da carne criada ao ar livre.
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