A procura de alimentos produzidos em modo biológico tem vindo a aumentar em toda a Europa. Preocupações com a saúde humana e com o ambiente estão na origem desta tendência, existindo ainda a percepção de maior bem-estar dos animais produzidos desta forma.

De facto, o bem-estar de aves em modo biológico é essencial para a qualidade da carne produzida e exige uma abordagem diferente do modo de produção convencional. À partida, as raças devem ser adequadas, mais resistentes ao clima exterior, de crescimento lento, sendo possível no nosso país recorrer a raças autóctones como a galinha preta lusitânica ou a pedrês, no caso do mercado de frangos do campo.

Uma das características da produção de aves biológicas é o acesso ao ar-livre e a pastagens. Estas fornecem não só erva fresca, com menor conteúdo em gorduras, como também a oportunidade de os animais se alimentarem de invertebrados, diversificando e reforçando a sua dieta em fontes de proteína.

No entanto, a ideia de que o acesso a pastagens por si só leva a maior qualidade dos produtos é demasiado simplista. A gestão destas é essencial para a saúde e bem-estar dos animais, desde a sua instalação e escolha de espécies à sua manutenção, com especial atenção ao encabeçamento, manutenção do solo ou prevenção do encharcamento, que pode levar à proliferação de parasitas. Também é de ter em conta que aves como as galinhas ao ar livre estão sujeitas a ataques de predadores e aos rigores do clima, sendo geralmente usados abrigos móveis, passíveis de ser transportados para onde estão os animais a pastar (no entanto, por toda a Europa existem exemplos bem-sucedidos de explorações onde os animais pastam em pomares, vinhas ou olivais, controlando a cobertura herbácea enquanto beneficiam de algum abrigo).

A gestão das pastagens torna-se então central, começando na sua composição, com preferência para o domínio de gramíneas como o azevém e enriquecidas por espécies leguminosas como trevo-subterrâneo. Outro ponto importante no uso da pastagem é a forma como os animais a exploram, sendo essencial a rotação de forma a evitar erosão e sobre pastoreio.

O bem-estar das aves criadas ao ar-livre é tido como um dado adquirido, comprovado por estudos onde se comparam com animais confinados. No entanto, alguns estudos apontam para que raças de crescimento rápido tenham maiores dificuldade em se adaptar ao ar-livre, sendo preferível recorrer a raças menos produtivas em modo convencional, mas que ao se adaptar melhor ao meio-ambiente sofrem menos doenças, conseguem explorar melhor o meio, adaptar-se às mudanças de temperatura, buscando abrigo, enquanto as raças de rápido crescimento tendem a focar-se apenas em alimentar-se.

Se o bem-estar animal é um ponto cada vez mais importante na produção animal, sem dúvida que não podemos perder de vista que o fim é produzir alimentos de qualidade. Uma das maiores preocupações é a exposição a organismos patogénicos que pode ocorrer em animais ao ar-livre, em especial a Salmonella e Campylobacter. Um estudo interessante de 2005 revelou no entanto que os microrganismos encontrados em aves em modo biológico eram menos resistentes a antibióticos, dada a reduzida exposição a estes.

Quanto à qualidade em termos de composição da carne, esta tem grandes variações, sendo muito influenciada pela composição e bom estado da pastagem.

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