O montado é uma paisagem tipicamente ibérica, resultado de uma longa história de intervenção humana e utilização diversificada do espaço. Esta paisagem encontra-se em risco devido a diferentes ameaças, umas mais bem conhecidas do que outras, desde alterações climáticas, pressão pelo uso da terra a impactos de práticas mais ou menos recentes na saúde do sistema. Uma das principais preocupações tem vindo a ser o declínio da taxa de regeneração das árvores, que concorre com uma aparente mortalidade cada vez mais elevada para o declínio do montado.
Entre as causas com maior impacto na regeneração do montado, encontra-se a pressão de pastoreio que cresceu desde meados do século passado. Uma alteração importante está na substituição de ovinos por bovinos em muitas regiões. Mas também se encontra presentemente, em particular em Espanha, o abandono da exploração pecuária e a opção pela instalação de coutadas de caça, onde é de especial interesse verificar o impacto na vegetação de espécies de grande porte, como o veado-vermelho.
É assim que surge uma linha de investigação interessante, onde um grupo espanhol tem desenvolvido trabalho na identificação dos impactos de diferentes usos do montado na regeneração.
O estudo examina a regeneração do coberto de montado de azinho, desde o aparecimento de plântulas até a uma dimensão arbustiva em três sistemas de gestão diferentes em termos de intensidade animal: gestão tradicional com presença de ovinos, gestão comercial com bovinos em extensivo e sistemas de gestão virados para a caça desportiva, com presença de veados.
Os diferentes locais estudados estão localizados na região de Toledo e os três tipos de exploração encontram-se instalados há pelo menos trinta anos sem que tenha havido lavouras ou fogo. Em cada um destes locais foram identificadas quatro diferentes variações de condições para a regeneração: por baixo das árvores, por baixo da vegetação arbustiva, ambas as vegetações e áreas abertas. Os investigadores contaram as azinheiras com menos de 130cm nos diferentes locais e o seu diâmetro na base classificando-as desde rebentos com menos de 1cm de diâmetro até arbustos com mais 1cm de diâmetro de várias ramificações. Também foram criados quatro níveis de herbivoria consoante os danos causados.
Os investigadores encontraram diferenças muito significativas na densidade de plantas jovens consoante o sistema de exploração, sendo menor na exploração de bovinos e maior na presença de cervídeos. Também a presença de árvores jovens foi superior na exploração dedicada à caça, sendo, no entanto, preocupante nos três sistemas a quantidade reduzida de árvores jovens no geral.
Por fim, concluem que será possível a regeneração dos montados com recurso a menor densidade de animais, destacando ainda assim, que dados os retornos económicos da caça e do agroturismo associados aos cervídeos, este sistema se torna muito interessante, permitindo uma maior sobrevivência das pequenas plantas.
Saiba mais aqui e aqui.
Deixe o seu comentário