Recentemente têm aparecido estudos sobre intensificação agroecológica ou sustentável, termos que parecem ter algo de contrassenso, já que num mundo de recursos finitos a intensificação num local terá de ir buscar recursos a outro. Estes termos não são novos, no entanto, tendo começado a falar-se em intensificação sustentável nos anos 90, em estudos sobre asseguramento alimentar na África Subsaariana. Por definição, a intensificação sustentável será qualquer prática que permita aumentar a produtividade com menor impacto ambiental e na mesma área.
Será então qualquer sistema de agricultura que consiga ser mais eficiente na utilização de recursos. Esta abrangência pode gerar alguma ambiguidade e até abusos na definição de sustentabilidade.
Num estudo realizado em Espanha, foram comparados alguns cenários de intensificação agrícola, do ponto de vista dos fluxos de energia e de nutrientes exigidos. Os autores do estudo partem do pressuposto que do ponto de vista termodinâmico não é possível intensificar e ser sustentável ao mesmo tempo. Assim, a ser possível uma intensificação agrícola, esta só será sustentável num horizonte limitado.
O artigo destes autores explica do ponto de vista da biofísica a impossibilidade de uma monocultura ser sustentável, exigindo a entrada de energia ou massa vinda fora para o sistema continuar a funcionar. Ao mesmo tempo, testa as suas hipóteses numa recolha de informação de explorações espanholas em regime orgânico e convencional com condições edafo-climáticas que permitem a comparação entre elas.
Com base nas suas observações foram construídos cenários para avaliar o custo da conversão da agricultura espanhola para sistemas de agricultura biológica e convencional com ou sem intensificação.
No cenário de conversão para agricultura biológica extensiva, verificaram uma redução de produtividade de 23% comparada com a agricultura convencional. No cenário de conversão para agricultura biológica intensiva, a redução de produção também iria ocorrer, em 13%. Neste segundo cenário, os autores contaram com o recurso a azoto para adubação vindo de resíduos agroindustriais, cujo reaproveitamento em Espanha é hoje em dia muito reduzido.
Com base nos resultados, os investigadores concluíram que seria possível uma conversão da agricultura espanhola para sistemas biológicos intensivos, sem aumentar a área cultivada no presente. No entanto, seria necessária formação adicional dos agricultores. Porém, os investigadores creem que a distância entre a produtividade de sistemas biológicos e convencionais está ligada à necessidade de os biológicos reporem os nutrientes e repararem os estragos de anos de degradação causada pela agricultura convencional. Deste modo, acreditam que a diferença de produtividade tenderá a ser reduzida com o tempo, à medida que os sistemas recuperam os seus nutrientes.
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