O tomateiro e a videira são das culturas mais melhoradas. Séculos de selecção levaram a um afunilamento no número de variedades cultivadas e da diversidade genética de características específicas. Estas espécies tão diferentes têm em comum a produção de frutos semelhantes – bagas – consumidos tanto em fresco como após transformação.

Se na vinha, as propriedades organolépticas das uvas foram sempre preservadas, em particular dada a sua importância na produção de vinho, ainda assim, existe um número reduzido de castas que dominam o mercado dos vinhos e das uvas de mesa. Já no caso do melhoramento do tomate, o foco na produtividade e no aumento do tempo de conservação levaram a uma drástica perda de sabores e de propriedades nutritivas.

Uma das razões que levam à perda de características organolépticas e nutricionais durante os processos de melhoramento tem a ver com a complexidade genética que as regula. O melhoramento clássico tem assim levado a que se perca diversidade durante cruzamentos.

Já o melhoramento com base em biotecnologia e “ómicas” (genómica, proteómica, etc), ao revelar a base molecular de propriedades nutricionais, muitas vezes comandadas por conjuntos de genes, poderá permitir trazer de volta sabor e saúde.

São cinco as ferramentas que actualmente podem ajudar o melhoramento vegetal de frutos para um aumento de qualidade:

A diversidade genética das variedades cultivadas e não cultivadas – o conhecimento dos mecanismos moleculares que comandam esta diversidade poderá permitir desenhar melhor os programas de melhoramento, de modo a aproveitar genes de adaptação ao meio ambiente, que se foram perdendo durante séculos e em particular nas últimas décadas. Dada a propagação vegetativa da vinha, esta sofreu maior erosão genética deste tipo.

Sequenciação do genoma e do epigenoma – o conhecimento completo do genoma permite calcular o número de proteínas que codifica. Permite também encontrar diferenças dentro de cada gene, responsáveis pela diversidade entre plantas.

Fenómica – o fenótipo é o resultado da expressão dos genes, podendo referir-se a diferentes observações e escalas, desde a molécula que é expressa até ao aspecto geral da planta ou conjunto de plantas. Assim, existe um sem número de características a observar, com as mais variadas tecnologias, desde análises moleculares até ao uso de sensores para verificar modificações nas culturas, passando por técnicas de microscopia.

Proteómica – o proteoma é o conjunto das proteínas que caracterizam um organismo. Permite obter informação sobre a genética e sobre o ambiente em que a planta é cultivada.

Metabolómica – o estudo dos metabolitos permite identificar as alterações bioquímicas que ocorrem ao longo da vida da planta. Este tipo de conhecimento permite integrar o conhecimento do genoma com o dos fenótipos e entender todas as transformações que ocorrem dentro do organismo.

Cada uma destas ferramentas tem diferentes utilidades. Por exemplo, o conhecimento dos genes responsáveis pela acumulação de açúcares é importante, mas será mais útil se apoiado pelo conhecimento de como esses genes se expressam, quais as proteínas produzidas, em que quantidades, em que fase ocorrem, em que condições ambientais. Existe aqui uma imensa diversidade de campo de análise e de escala, que poderá ser aproveitada para melhorar e melhor aproveitar toda a diversidade que já existe.

Saiba mais aqui.