A proliferação de populações de javalis em Portugal e na Europa é ocasionalmente notícia, devido aos estragos que estes por vezes causam em culturas agrícolas. O problema que por vezes ocorre em Portugal também tem ocorrido em Espanha e levou a um estudo sobre o controlo da espécie em áreas próximas de zonas urbanas. O estudo, conduzido na Catalunha, n o Parque Natural da Serra de Collserola, próximo de Barcelona.
Tal como noutras regiões da Península, a populações de javalis de Collserola não predadores naturais, para além de alguns juvenis predados por raposas. Para além de ter vindo a aumentar, a população está habituada à presença humana na região, dada a proximidade da cidade. O seu controlo tem sido feito através da caça, cuja época decorre de Outubro a Fevereiro e que pode ocorrer noutras épocas, quando se verificam estragos.
O estudo usou dados de projectos de gestão da população de javalis e de registos de caça. Foram compilados dados sobre sexo, idade e abundância de animais, que permitiram criar grupos por idade (menos de um ano, entre um e dois anos e adultos) e calcular a mortalidade para cada grupo. Baseados em dados empíricos, estabeleceram um nível máximo de densidade populacional de 3000 animais em 80km2. A variação na população induzida pelo ambiente foi modelada considerando a taxa de reprodução, taxa de mortalidade no primeiro ano de vida, as respostas à disponibilidade de alimentos e condições ambientais e uma proporção de fêmeas reprodutoras que nos modelos variou entre 20 e 90%.
A tendência de evolução da população foi modelada para um período de 36 anos entre 2000 e 2035, em dois cenários: passado (2000 a 2015), que permite validar o modelo, e futuro (2016 a 2035), onde se testaram variações induzidas pelo ambiente e por estratégias de gestão da população.
Os resultados das simulações apontam para um crescimento da população no parque. Também segundo as simulações geradas por este modelo, a melhor estratégia de controlo passa por uma combinação da redução de fontes de alimentos de origem antropogénica com a remoção selectiva de animais até aos dois anos. O foco em animais jovens em período não reprodutivo está relacionado com a alta prolificidade desta espécie e com a grande proporção de juvenis na população. Para mais, noutros estudos verificou-se que a remoção de adultos, em especial fêmeas, leva a um recrutamento de fêmeas mais jovens para reprodução, mantendo o crescimento populacional.
Os investigadores consideram que estas estratégias serão igualmente eficazes noutras regiões de clima mediterrânico com os mesmos problemas, apenas com adaptações locais.
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