(A Polónia é um dos maiores países da União Europeia, com uma tradição agrícola muito forte, que se debate com desafios que não nos são estranhos e onde surgem oportunidades. Esta semana, damos as boas-vindas a Jakub Hadyński, professor associado da Universidade de Poznan de Ciências da Vida. O seu artigo permite conhecer melhor a agricultura deste gigante europeu e esclarecer alguns mitos)

No último quarto de século a economia polaca experimentou grandes mudanças. Estas também afectaram a agricultura, que é hoje significativamente diferente da dos anos 90 e início deste século.

A agricultura é um sector importante da economia polaca e a sua contribuição para o PIB é muito superior à média europeia. As áreas rurais constituem 93% do território polaco e albergam cerca de 40% da população do país. O sector agro-alimentaré um importante componente do potencial económico do país contribuindo com 7% do valor acrescentado bruto. É ainda empregador de quase 20% da população activa. As exportações de produtos agro-alimentares chegam a cerca de 12% do total de exportações.

Durante os últimos anos tem vindo a aumentar o número de explorações modernizadas, que utilizam tecnologias de produção modernas.

A análise macroeconómica mostra que a agricultura polaca, juntamente com o sector de processamento alimentar, tem capacidade para fazer um bom uso das oportunidades que surgiram com a abertura ao grande e abastado mercado alimentar da EU. Também terá capacidade de atender ao considerável poder de absorção dos mercados do leste, onde os produtos agro-alimentares polacos já gozam de boa reputação e forte interesse entre os consumidores.

É ainda de notar que na Polónia cerca de 1,5 milhões de explorações beneficiam de subsídios à produção, com um impressionante impacto no crescimento da produtividade. Muitas destas explorações, no entanto, mostram problemas de desenvolvimento, para os quais, com vontade existem soluções:

  • Muitas explorações de pequena dimensão. Cerca de 80% das explorações têm menos de 10ha. O que poderá ser superado com maior intensificação e cultivo de hortícolas em vez de arvenses.
  • Agricultura predominantemente familiar e extensiva. O que poderá aproveitar apoios europeus à conservação da natureza e variedades tradicionais.
  • Dois terços dos agricultores têm apenas o ensino básico.
  • A agricultura não atrai os jovens. Este problema e o anterior terão de passar pela criação de incentivos aos jovens com formação para se dedicarem à agricultura.
  • Excesso de intermediários. Necessária maior cooperação entre agricultores e processamento alimentar nas zonas rurais.
  • Falta de infraestruturas rurais, incluindo boas estradas.
  • Falta de recursos para modernizar as pequenas explorações.
  • Falta de água e necessidade de investir em furos e rega
  • Falta de cooperação entre agricultores, uma herança do anterior regime, em que eram forçados a colaborar.
  • Inovação é necessária para mudar os sistemas de produção, de forma a se tornarem mais eficientes.
  • Pouca colaboração entre agricultores e institutos de investigação, o que exige mais reuniões e contacto entre todos.
  • Desenvolvimento desigual entre a parte leste e a oeste, para o qual já existem subsídios para atrair a manter a população e a agricultura.
  • Ausência de legislação sobre OGMs.
  • Sistema de impostos a necessitar de nova regulamentação.

Para um resumo da apresentação feita nos Seminários do CEFAGE, veja aqui.

 

Autor: Jakub Hadyński