Desde o início deste espaço que temos a ambição de ir além da agricultura e explorar também o que melhor existe no mar. Esta semana propomos um mergulho no mundo das microalgas.
As microalgas são seres autotróficos, tal como as plantas. Através da fotossíntese convertem luz em energia química, através de uma gama de compostos que variam consoante a espécie, sendo geralmente mais eficientes a fazer esta conversão do que as plantas. Esta diversidade permite encontrar diversas aplicações para estes microrganismos, desde rações tanto para animais terrestres como para peixes, produtos para as indústrias farmacêutica e cosmética, até biocombustíveis. Outras características interessantes são as taxas elevadas de fixação de CO2, elevada produção de O2 e consequente produtividade na geração de biomassa.
Uma das principais fraquezas apontadas à produção de biocombustíveis a partir de plantas terrestres tem sido a sua competição por terrenos agrícolas e água, não só podendo levar ao aumento de preços de commodities, como também ter impactos negativos no ambiente e disponibilidade de água potável. Já as microalgas, podem ser exploradas até em orlas de desertos, em água salgada ou salobra, ou águas residuais. No entanto, este é ainda um potencial cujos custos de exploração elevados terão de ser reduzidos de forma a tornar a opção pelas microalgas interessante (veja-se por exemplo o estudo realizado pelo LNEG).
Mas outras aplicações são já uma realidade. Por exemplo, em algas como a Dunaliella salina, uma espécie originária do Mar Morto, a exposição a temperaturas elevadas e uma concentração elevada de sal leva à produção de beta-caroteno, percursor da vitamina A, com aplicações como corante na indústria alimentar, em suplementos alimentares e em cosmética. Outras espécies são também já produzidas em Portugal, em bio-reactores instalados em salinas, gerando um rendimento extra à actividade de extracção de sal.
De facto, Portugal apresenta-se como um país com condições ideais para a produção de microalgas, começando pela insolação e temperaturas. Estas permitem a instalação de explorações para produção de algas com aplicações diversas, com especial interesse para a conciliação desta actividade com a da aquacultura, para a qual a produção de biomassa para a alimentação de peixes e de micro-crustáceos mais tarde usados também como alimento para peixes. Num outro ponto de vista, têm sido também usadas micro-algas no tratamento de águas residuais e efluentes, incluindo os da aquacultura.
Por fim, num país com a nossa costa, onde a economia do mar tanto tem sido publicitada, será esta uma nova possibilidade de sucesso?
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