O potencial dos solos em sequestrar carbono tem sido apontado como uma forma de combater as alterações climáticas e os seus efeitos. Os solos das regiões de clima mediterrâneo são em geral pobres em matéria orgânica e a sua evolução depende muito dos sistemas de produção e práticas agrícolas. De forma a entender o potencial de aumentar a matéria orgânica do solo em sistemas hortícolas e de fruteiras intensivos, um grupo de investigação espanhol estudou toda a região costeira espanhola e estimou modelos de acumulação de carbono orgânico, tendo em conta diferentes práticas.
As regiões estudadas, exemplificativas das regiões de clima mediterrânico, são muito vulneráveis a erosão hídrica e perda de matéria orgânica através de rápida mineralização, em especial em solos mais leves e sujeitos a mobilização. Em algumas áreas observa-se ainda que o tipo de sistemas de produção, com mobilização e remoção de resíduos de cultura para alimentação animal ainda promovem mais a perda de matéria orgânica. No entanto, estas mesmas situações apresentam o maior potencial para reverter a perda de carbono orgânico do solo através de alterações de práticas e adição de outras fontes de carbono orgânico, tais como detritos e efluentes sujeitos ou não a compostagem e tratamento.
Foram estimados modelos de acumulação de carbono orgânico no solo através de adição de matéria orgânica exógena e também de culturas de cobertura. Os dois modelos usados nas estimações foram o modelo Rothamsted carbon (RothC) e o SIMSWASTE. O primeiro é talvez o modelo mais usado para estimar a dinâmica do carbono do solo, o segundo é usado para estimar as alterações do carbono e de nutrientes associadas a tecnologias de processamento de resíduos orgânicos. Foram criados três grupos de sistemas de produção de acordo com a intensificação agrícola, e cinco classes de uso da terra – horticultura, citrinos, fruteiras, olival e vinha -, para simulação de seis cenários de adição de carbono orgânico ao solo.
Após as simulações de todos os cenários para as diferentes culturas, a medida mais eficaz para aumento da matéria orgânica do solo foi o uso de culturas de cobertura nas culturas lenhosas, sendo ainda o olival, a cultura com maior potencial de aumento do carbono orgânico no solo. No caso das culturas hortícolas, a incorporação de resíduos urbanos juntamente com compostos foi a prática com melhores resultados. Já a incorporação de estrumes compostados não mostrou grande potencial, comparado com as outras alternativas testadas.
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