Nos últimos anos a evolução na olivicultura tem sido enorme. No entanto, as técnicas de cultivo, condução ou irrigação não têm sido acompanhadas por um progresso semelhante no melhoramento vegetal. Não só as técnicas tradicionais têm poucos resultados, como existe alguma resistência da opinião pública em relação ao uso de biotecnologia nesta cultura tão cheia de simbolismo tradições dos povos do Mediterrâneo e do Médio Oriente.

É, no entanto, necessário conciliar produtividade com qualidade e sustentabilidade. Muitas das variedades com maior qualidade de azeite não se adequam à intensificação e existem poucas soluções para esta situação.

Numa revisão do estado da arte do melhoramento vegetal, realizada por investigadores italianos*, encontramos algumas soluções com futuro para uma intensificação sem perder a qualidade, que juntam métodos tradicionais de melhoramento com biotecnologia, de forma a acelerar os resultados.

As características de porte mais desejadas tanto no intensivo como no super-intensivo são tamanho reduzido, médio a baixo vigor, dominância apical reduzida, e ramos laterais abundantes e de pequenas dimensões, de modo a permitir a mecanização. Do ponto de vista produtivo, são desejáveis frutos com mais de 2g, firmes e com pelo menos 80% de ácido oleico. Mas também a resistência a doenças e stress abiótico, a facilidade de propagação e até a capacidade de auto-polinização são características interessantes e que estão presentes noutras espécies do género Olea.

Técnicas como selecção monoclonal, ou indução de mutações têm tido pouco sucesso. Programas de hibridização são pouco eficientes sem um conhecimento dos genes desejados, daí que haja interesse na investigação de marcadores moleculares que permitam identificar a presença de características de interesse nos clones ou nos híbridos obtidos mos programas de melhoramento.

Mas é nas técnicas in vitro que residem grandes expectativas, pois permite acelerar a propagação de tecidos e a sua análise para identificação de genes úteis. Estes métodos também permitem eliminar vírus, conservar germoplasma para usos noutros programas de melhoramento e até recorrer a transformação (sim, oliveiras geneticamente modificadas).

 

Concluindo: as técnicas necessárias à obtenção de melhores plantas que se adequem à intensificação da cultura do olival já existem. É necessário combinar técnicas tradicionais com as mais modernas de modo a obter resultados em tempo útil. A biotecnologia permite recorrer a espécies silvestres do género Olea para obter características produtivas interessantes e também permite acelerar a obtenção de resultados, sem ser necessário esperar anos por novas plantas em produção para avaliar a sua qualidade.

 

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