O abandono de áreas de solos pouco produtivos tem impactos nefastos bem conhecidos, tanto na conservação da natureza como na manutenção de populações. No entanto, é um facto que em áreas pouco produtivas não será possível uma manutenção de populações ligadas à agricultura e pecuária com base nos modelos de exploração mais comuns.
Encontrar formas de exploração viáveis para áreas de charneca no Norte de Portugal e Espanha, poderá ajudar a combater a desertificação humana e as suas consequências. Tem sido verificado em alguns estudos que a combinação com áreas de pastagens melhoradas permite uma viabilização da pecuária extensiva em solos pobres. Num estudo ibérico, realizaram-se ensaios para verificar de que modo o comportamento alimentar diferenciado de vacas e cabras poderia permitir a exploração mais rentável neste tipo de paisagem.
Os investigadores compararam de que modo a combinação das duas espécies, com hábitos alimentares e de exploração do terreno diferentes, poderia ser mais eficiente do que a exploração com apenas vacas. Os ensaios foram instalados em áreas que combinavam vegetação espontânea, predominantemente urze, com pastagem de azevém e trevo branco. O comportamento de pastagem foi monitorizado a cada 15 minutos entre o amanhecer e o anoitecer durante dois dias seguidos em duas ocasiões, maio e julho. Recolheram também amostras de fezes, de modo a conhecer de que espécies vegetais se alimentavam os animais nas diferentes áreas. Num tratamento existiam apenas vacas a explorar o terreno e noutro combinaram vacas e cabras.
Observaram que quando na presença de cabras, as vacas passavam mais tempo a alimentar-se. Tanto no caso de rebanhos mistos como apenas de bovinos, as vacas mostraram mais apetência pela pastagem melhorada. Já as cabras, mesmo em condições com maior disponibilidade de pastagem, incorporaram cerca de um terço de urze na sua dieta.
Os investigadores concluem que a combinação das duas espécies favorece a exploração mais sustentável e eficiente do espaço.
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