A transumância foi durante gerações a forma comum de criar animais, permitindo a regeneração de pastagens e o acesso a novas áreas de pasto pelos animais. O movimento permitia ainda variar e enriquecer a dieta e por vezes tentar escapar a doenças que poderiam surgir em determinadas regiões.
Os estudos etnográficos têm-se debruçado sobre as relações e os efeitos da transumância, desde o efeito nos pastores e nas suas formas de vida, ou as relações com diferentes proprietários de animais e de terras ao logo das rotas.
Um geógrafo norte-americano tem-se dedicado a estudar estas rotas, o folclore associado e também, de forma mais prática, a lógica racional do movimento de animais e pessoas, do ponto de vista da economia de recursos, dos custos energéticos da produção e transporte de animais.
Este autor, compara as culturas europeia e norte-americana na forma como a produção extensiva de gado é vista. Segundo ele, nos Estados Unidos, não existe aos olhos da população em geral uma separação entre os vários sistemas de produção animal, sendo os consumidores ora indiferentes ao modo como a carne que consomem é produzida, ora totalmente contra a produção de carne, por desconhecimento dos diferentes sistemas. Já na Europa, afirma, existe uma maior consciência dos diferentes impactos ambientais que têm sistemas mais ou menos intensivos de produção de carne.
Se por um lado toda a experiência e conhecimento científico têm sido aplicados para obter formas mais eficientes de produção, a experiência vinda de tradição é focada em baixos custos e redução do risco. Ao mesmo tempo, a movimentação de humanos e animais através de rotas estabelecidas permite a manutenção de populações que lhes prestam apoio e são servidas por estes movimentos, o que vem acrescer aos serviços de ecossistema.
O geógrafo estudou as rotas espanholas – cañadas reales – estabelecidas de norte a sul de Espanha e também ligando Portugal a Madrid. Estudou também a realidade americana, dos movimentos de gado através de rotas no México e sul dos EUA.
A principal observação é que de Espanha se destaca pela manutenção das vias pecuárias, enquanto outros países europeus deixaram esta prática. No entanto, em condições de clima mediterrânico, com escassez de alimentos durante o verão, o movimento de gado continua a poder fazer sentido, reduzindo custos de transporte para locais de engorda e custos com rações durante esta época. Outros usos existem também para estas rotas, entre eles o seu uso como caminhos de montanhismo. Autores espanhóis também verificaram que em regiões onde houve recuperação dos caminhos de passagem de gado, houve também aumento da biodiversidade.
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