O tomate é uma das mais importantes culturas mundiais e das mais melhoradas, com cultivares altamente produtivas e adaptadas a diferentes condições edafo-climáticas. No entanto, como destacam investigadores da Ilhas Baleares, um programa de melhoramento leva tempo a obter novas variedades com as características desejadas, mas existem práticas culturais que podem ajudar a superar esta desvantagem.
Na última década, os fenómenos de alterações climáticas e aquecimento global, têm exigido respostas rápidas por parte dos agrónomos e melhoradores. A enxertia é uma prática ancestral que continua a ser muito pertinente nos nossos dias, em diversas culturas, estando perfeitamente desenvolvida e automatizada.
O uso de porta-enxertos resistentes à seca e outros stresses abióticos e bióticos está generalizado na cultura do tomate, com resultados mais ou menos bem-sucedidos, já que certas combinações podem reduzir a qualidade dos frutos. As caraterísticas do sistema radicular, vigor e padrão de crescimento da espécie Solanum pimpinellifolium tornam-na uma forte candidata em programas de obtenção de plantas mais eficientes no uso de água e assim mais resistentes a condições de seca.
No estudo que divulgamos esta semana os investigadores pretenderam encontrar porta-enxertos que permitissem melhorar a eficiência do uso de água de uma variedade típica das Baleares, o tomate “Ramallet”, cujas características de adaptação ao clima Mediterrânico, em particular, carência de água, são interessantes como termo de comparação com outras variedades adaptadas ao nosso clima. Os ensaios consistiram na comparação do desempenho de dois genótipos de tomate Ramallet quando auto-enxertados, enxertados em porta-enxertos comerciais desenvolvidos para stresses bióticos, enxertados em S. pimpinellifolium e não enxertados.
Foram analisados parâmetros significativos do efeito do porta-enxertos na produtividade, fotossíntese, crescimento e morfologia. Não foram encontradas incompatibilidades entre as duas partes da planta, nem alterações no vigor. O tomate enxertado em estirpes comerciais foi menos produtivo que todos os outros tratamentos, o que contraria resultados obtidos noutras variedades. Já os enxertos em S. pimpinellifolium tiveram maior eficiência no uso de água, mostrando-se uma espécie muito promissora para as nossas condições.
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