Esta semana apresentamos mais um estudo realizado em Portugal, onde se comparam os efeitos no solo entre um sistema de agricultura convencional e três práticas diferentes de gestão do solo em modo de produção biológico.

Partindo do princípio que a agricultura biológica favorece as populações microbianas e tendo em conta que a população microbiana dos solos é muito diversa e poderá ser influenciada de diferentes formas pelas diferentes práticas agrícolas, os investigadores, do Politécnico e da Universidade de Coimbra, ensaiaram diferentes formas de fertilizar o solo em agricultura biológica e compararam ainda com a agricultura convencional. Os ensaios foram realizados em parcelas nas duas margens do Mondego, numa região onde predominam os cambissolos. Em todos os ensaios o solo foi mobilizado e fertilizado antes da sementeira de milho e as amostras foram recolhidas um mês após a sementeira.

As parcelas tinham sido anteriormente cultivadas com milho, à excepção de uma das parcelas de agricultura biológica, que tinha sido cultivada com luzerna para adubação em verde. Das outras duas parcelas em modo biológico, uma tinha sido fertilizada com composto e a outra não tinha sido fertilizada.

Foram analisados os teores em carbono, azoto e fósforo no solo e na fracção orgânica. Os autores deste estudo não encontraram diferenças significativas no conteúdo de carbono, tanto orgânico como inorgânico. Também o azoto associado aos microrganismos foi semelhante em todas as parcelas. Já o azoto do solo foi superior na parcela previamente cultivada com luzerna e menor na parcela não adubada. Quanto aos valores de fósforo, a parcela da adubação em verde tinha a maior percentagem de fósforo no solo e a de compostagem a maior percentagem de fósforo microbiano. A parcela de agricultura convencional tinha os valores mais reduzidos de fósforo, tanto no solo como microbiano.

Os investigadores concluíram que a população microbiana contribuiu para o teor de nutrientes e que do ponto de vista do teor de matéria orgânica no solo e disponibilidade de azoto, a solução de adubação verde com luzerna foi a mais vantajosa para a fertilidade dos solos. No entanto, como o teor de fósforo foi mais elevado na parcela com composto, esta estratégia parece ser a melhor para aumentar a solubilização deste nutriente e a sua disponibilidade para as plantas no tipo de solos em questão. Assim, os autores acabam por concluir que a melhor estratégia ara aumentar a população microbiana e a sua capacidade de disponibilizar nutrientes à cultura de milho será a fertilização com recurso a composto.

De assinalar que este é um estudo de caso, cujos ensaios foram realizados em 2013 e não replicado noutro ano. Também é de notar que neste artigo o destaque vai para a população microbiana, ficando a curiosidade de saber quais os resultados em termos de produtividade da cultura do milho.

 

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