Os arrozais são apontados pelos especialistas em alterações climáticas como importantes emissores de gases de estufa. O meio anaeróbio nos campos alagados permite a formação de metano, mas também é relevante a emissão de óxido nitroso, que é produzido em condições de transição de solos secos para húmidos e vice-versa. Em todo o mundo têm sido realizados estudos tentando reduzir as emissões, mas num artigo recente de revisão apenas se encontram três estudos na Europa, um dos quais, com ensaios na Extremadura, temos de destacar.
Um grupo de investigadores ibéricos que já citámos aqui, tem vindo a dedicar-se ao estudo das emissões na cultura do arroz. Desta vez, dedicaram-se a investigar o efeito cruzado de alagamento ou rega por aspersão com mobilização ou não mobilização, distinguindo ainda o efeito do tempo sem mobilização. Assim, compararam cinco tratamentos: não-mobilização há sete anos e rega por aspersão; não-mobilização no ano e aspersão; mobilização convencional e aspersão; não-mobilização no ano e alagamento; e mobilização convencional e alagamento.
Os resultados dos ensaios revelaram que o sistema de mobilização convencional com rega por aspersão foi aquele que gerou menos N2O, por outro lado, os talhões de não-mobilização há sete anos, com rega por aspersão foram os maiores emissores de N2O. Estes resultados estão relacionados com o maior teor de matéria orgânica nos solos não mobilizados.
Quanto às emissões de metano, foram residuais nos talhões com rega por aspersão, como esperado, nalguns casos ocorrendo até oxidação do metano. Já nos talhões alagados, os de mobilização convencional emitiram muito mais do que os de não mobilização (até 132% mais emissões de metano).
Também foram observadas as emissões de dióxido de carbono. Nos primeiros dias após mobilização do solo, ocorreram picos de emissões nos talhões neste tratamento. Em todos os tratamentos houve aumento de emissões de CO2 após drenagem ou fim da rega, antes da colheita.
No total, observaram que as emissões de gases de estufa foram significativamente maiores nos talhões mobilizados e alagados ao longo dos três anos de ensaios. Também observaram uma redução de emissões em ambos os tipos de mobilização com rega por aspersão em relação aos terrenos alagados. Nos terrenos com aspersão o CO2 constituiu mais de 70% das emissões. A rega por aspersão reduziu até 40% o potencial de aquecimento global.
Uma vez que os tipos de sistema de cultivo de arroz influenciam a produtividade, foi ainda estudada a produtividade em relação às emissões. Nos talhões no início da não mobilização com rega por aspersão, os dois primeiros anos tiveram produtividades menores, sendo a produção de arroz equivalente aos talhões mobilizados e alagados ao terceiro ano, com uma poupança de 75% da água. Os talhões sem mobilização nos sete anos anteriores aos ensaios registaram produtividades das mais elevadas, mostrando a sua sustentabilidade no longo-prazo.
Saiba mais aqui, para o estudo em Espanha e também aqui, para uma revisão dos estudos em todo o mundo.
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