A redução do desperdício de água na rega tem sido uma preocupação constante que tem trazido diversas inovações tanto nos equipamentos, como nos sistemas de controlo e na observação dos efeitos fisiológicos da carência de água nas plantas. Um dos métodos que mais temos falado aqui no Núcleo Agri tem sido a rega deficitária, onde tanto a evolução nos sistemas, como é o caso da rega gota-a-gota enterrada, como no conhecimento da fisiologia têm permitido importantes avanços e, claro, poupanças de água.

Desde meados dos anos 90 que se tem vindo a conseguir bons resultados, em termos de produção, em ensaios de rega deficitária controlada em macieiras. No entanto, é ainda necessário um maior conhecimento em termos de fisiologia para uma maior qualidade dos frutos e também para a generalização destas práticas.

Um grupo de investigação internacional, que contou com investigadoras do ISA e laboratórios LEAF e ITQB, avaliou o comportamento fisiológico de macieiras Gala em quatro tratamentos de rega gota-a-gota enterrada. Os ensaios decorreram na estação experimental Agroscope Changins Wädenswill na Suíça. Os tratamentos foram concebidos de acordo com três períodos de crescimento dos frutos: sem rega durante os três períodos; rega durante os três períodos; rega de 1 a 64 dias após floração e depois no terceiro período de 105 a 128 dias após floração, sem rega entre os dois; e ainda rega nos períodos anteriormente referidos e rega deficitária no período de 64 a 105 dias após floração. Note-se que o solo estava coberto com um filme impermeável, de modo a impedir a entrada da água da chuva.

Durante os ensaios, foi sendo controlado o conteúdo de água no solo em diferentes profundidades e também nas plantas. Todas as semanas foi sendo medido o diâmetro dos frutos de 12 maçãs por cada tratamento. Após colheita foi também avaliada a produção total, o número de frutos e ainda o peso e a cor de cada fruto. Também foram amostrados frutos para análise dos açúcares, firmeza e acidez.

Os diferentes tratamentos não tiveram quaisquer efeitos no diâmetro dos frutos. Verificou-se que a rega deficitária no segundo período de crescimento dos frutos não teve efeitos negativos na produtividade. Quanto às características físico-químicas, o stress hídrico aumentou a firmeza dos frutos. Não houve alterações significativas de outros parâmetros.

Estes ensaios permitiram reduzir o consumo de água em 45% sem impactos negativos na produção de maçãs ou na sua conservação.

Saiba mais aqui.