O escorrimento superficial é um dos principais problemas associados à rega por pivots, com outros problemas associados, como erosão do solo e arrastamento de nutrientes e fitofármacos. Nas características dos solos portugueses, com típica baixa capacidade de retenção de água e por vezes declives, este problema torna-se mais notório. A forma mais comum de evitar estes problemas costuma ser a rega frequente, por vezes diária, cobrindo apenas as perdas por evapotranspiração, de forma a evitar escorrimento.
Outras formas possíveis de evitar o escorrimento superficial estão associadas com diferentes técnicas de mobilização, para as quais foram até sendo desenvolvidas alfaias específicas, com sucesso variável. A mobilização na entrelinha, criando covachos ou covas tem como objectivo criar depressões capazes de reter a água da rega e permitir que esta se infiltre lentamente. Se em ensaios e situações reais em diversas regiões dos Estados Unidos estas técnicas se têm mostrado positivas, em condições mediterrânicas ainda não são completamente consensuais.
Se o escorrimento superficial é sempre possível em caso de rega ou de precipitação, o uso de pivots pode favorecer mais esta ocorrência, em especial em raios muito grandes, onde nas extremidades o débito é maior. No caso de sistemas de baixa pressão, agrava-se ainda mais, dado que se formam gotas maiores que incidem num raio menor.
A eficácia destes sistemas para retenção da água está mais testada em situações de precipitação, não sendo linear a sua generalização à rega por aspersão. No entanto, num artigo de revisão do estado da arte, foi possível verificar que em ensaios realizados em diversas culturas se verificou com consistência que o recurso a covas ou covachos na entrelinha permite reduzir o escoamento em relação a sistemas de mobilização convencional. Estes resultados são ainda consistentes para diferentes tipos de solos, declives e taxas de aplicação de água.
No caso do milho, um dado importante sobre o escorrimento superficial está relacionado com a forma como a água atinge o solo quando a cultura está completamente desenvolvida. Neste caso, o escorrimento ao longo do caule, criando uma corrente de água concentrada em torno deste, tem um efeito potenciador do escorrimento, em particular em situações de mobilização convencional. A eficácia dos dois tipos de mobilização na entrelinha pode ser afectada pela própria rega, ao destruir os limites das depressões.
Em geral, os estudos sobre agricultura de conservação apontam para a que técnicas de mobilização de conservação estejam relacionadas com menor escorrimento superficial. Já no caso da não-mobilização, existem alguns resultados mais negativos, em solos franco-arenosos e argilosos. No entanto, outros estudos apontam para que a existência de resíduos à superfície nos casos de mobilização mínima e de não-mobilização fazem com que mesmo havendo escorrimento, este leve a menor erosão do solo do que a que acontece em mobilização convencional. Mais ainda, os resíduos reduzem a evaporação da água do solo, levando a menor necessidade de rega.
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