O setor alimentar assiste atualmente a uma mudança de mentalidades, que tem alterado o panorama, principalmente no que se refere às questões da sustentabilidade.
A crescente expansão do comércio global de alimentos frescos permite aos consumidores um acesso a uma enorme variedade de alimentos durante todo ano, o que coloca um foco cada vez maior sobre as questões nutricionais e de segurança alimentar. Reconhecendo a necessidade da aplicação de práticas agrícolas mais sustentáveis, os consumidores, produtores e distribuidores, demonstram um maior interesse ao nível da segurança e rastreabilidade dos alimentos.
Neste contexto, o conceito de Boas Práticas Agrícolas tem ganho uma relevância cada vez maior, surgindo como uma forma de combater a rápida exploração dos recursos naturais que tem ameaçado a sustentabilidade da produção agrícola em larga escala, bem como o aumento da vulnerabilidade de pequenos agricultores. As Boas Práticas Agrícolas, consistem, de acordo com a FAO – Food and Agriculture Organization, no conjunto de princípios aplicados aos processos de produção e pós-produção de produtos agrícolas, que visam a obtenção de alimentos seguros e saudáveis e a garantia da sustentabilidade económica, social e ambiental.
O conceito de Boas Práticas Agrícolas tem por base dois pilares fundamentais. O primeiro pilar engloba vários componentes tecnológicos necessários para garantir a qualidade e a segurança dos alimentos durante os processos de produção e pós-produção, indo ao encontro das preferências dos consumidores. O segundo pilar está centrado na rastreabilidade como um sistema de comunicação e transferência de informação, garantindo o controlo dos riscos e fomentando a confiança do consumidor.
Em Portugal, a certificação PRODI estabelece um quadro que define os elementos essenciais para o desenvolvimento das melhores práticas para a produção agrícola e animal, garantindo que as regras e os princípios da Produção Integrada são cumpridos, de acordo com os normativos estabelecidos. A Produção Integrada, segundo a Direção-Geral de Agricultura e Desenvolvimento Rural “é um modo de produção sustentável, que consiste num sistema agrícola de produção de alimentos compatível com a gestão racional dos recursos naturais e privilegiando a utilização dos mecanismos de regulação natural em substituição de fatores de produção, contribuindo, deste modo, para uma agricultura sustentável, de acordo com as normas existentes, tanto para a componente vegetal como ara a componente animal”. Este modo de produção, espelha-se na qualidade e segurança dos bens agrícolas produzidos em conformidade com as regras nacionais e internacionais de Boas Práticas Agrícolas.
Neste sentido, e tendo em conta um contexto internacional, os produtores primários têm recorrido cada vez mais à certificação Global G.A.P, dando resposta às preocupações e expectativas de consumidores e retalhistas e garantindo que os produtos são seguros e obtidos de forma sustentável. Esta certificação constitui uma garantia de segurança em relação ao modo de produção dos alimentos, contribui para a minimização dos impactos ambientais negativos das operações agrícolas e promove a redução do uso de adubos químicos e de produtos fitofarmacêuticos, estabelecendo assim uma abordagem responsável em relação à saúde e segurança dos colaboradores e ao bem-estar animal.
A atribuição da certificação por um organismo independente e credível como a SGS, permite alcançar, de forma transversal, os objetivos destes referenciais para a própria organização, para os clientes e consumidores finais e para a comunidade na qual a organização se insere. Através da obtenção da certificação, a organização assume o compromisso de que irá servir bem os seus clientes e cumprir os requisitos associados à sua atividade, procurando a melhoria contínua. Consequentemente, os clientes e consumidores finais aumentam a sua confiança na qualidade e segurança dos produtos e serviços que lhes são fornecidos. Para além disto, a organização irá identificar e gerir o impacto ambiental na comunidade onde se insere, tendo em vista a sustentabilidade social e do meio ambiente numa perspetiva de longo prazo.
A sustentabilidade no sector Agroalimentar é assim uma exigência crescente, por isso, as organizações terão de se adaptar às exigências e expectativas do mercado, procurando soluções e respostas que sejam capazes de garantir e demonstrar a qualidade, segurança e integridade dos seus produtos.
Autor: Isabel Berger
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