A apanha da azeitona está mesmo aí. Fomos em busca de contributos para a melhor produtividade do olival e qualidade da azeitona.

A traça da oliveira encontra-se em todos os olivais da região do Mediterrâneo. O seu desenvolvimento e alimentação estão perfeitamente sincronizados com o ciclo da oliveira, identificando-se três gerações, uma filófaga, que escava galerias em folhas, seguida da antófaga, que surge na época de floração e uma terceira carpófaga, que se alimenta dos caroços dos frutos. A primeira geração raramente exige tratamentos, sendo a última a maior responsável por perdas de produção devido à queda de frutos decorrente da sua alimentação, que se estende de Junho a Outubro.

Em culturas permanentes existe muita investigação feita sobre o impacto da gestão da cobertura do solo na entrelinha. Em especial busca-se entender de que forma pode contribuir para um ecossistema equilibrado onde predadores e parasitoides possam servir de auxiliares no controlo de pragas e também de que forma a cobertura do solo pode influenciar a disponibilidade de água e nutrientes para as culturas.

Esta semana fomos em busca do efeito da gestão da cobertura do solo na abundância e acção de auxiliares no combate à traça da oliveira. Num estudo realizado em olivais tradicionais de Trás-os-Montes foram avaliadas três formas de gerir a cobertura da entrelinha: aplicação de herbicidas, mobilização do solo e conservação da cobertura espontânea do solo e a sua influência na emergência da traça da oliveira, na composição da comunidade de parasitoides e no grau de parasitismo. Os ensaios decorreram em dois anos: 2011 e 2013.

Em relação à emergência da praga, não foram encontradas diferenças entre as diferentes práticas de gestão da entrelinha. Já nos parasitoides, encontraram-se diferenças consoante a forma de gestão. Significativamente, o uso de herbicida na entrelinha reduziu o aparecimento de vespas parasitoides. Já os efeitos da mobilização e da manutenção da cobertura aparecem dependentes de variáveis climáticas. No ano de 2011, com um inverno com temperaturas dentro da média, a presença e parasitismo foi superior nos olivais com cobertura do solo, mas em 2013, na sequência de um inverno anormalmente frio no ano anterior, o grau de parasitismo pode ter sido influenciado não só pela gestão da cobertura do solo como também por uma menor emergência tanto de praga como de parasitoides.

Após análise de todos os dados, os investigadores concluíram que a presença de parasitoides e o grau de parasitismo é positivamente influenciado pela cobertura espontânea do solo e pela presença de manchas de vegetação espontânea nas bordaduras dos pomares. Também encontraram uma relação inversa com a aplicação de herbicidas. No entanto destacam que apenas estudaram dois anos, com influências diferentes do clima na emergência da praga e dos auxiliares, sendo necessários mais estudos para estabelecer relações estatisticamente robustas entre a gestão da cobertura e o parasitismo.

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