A agricultura de conservação tem vindo a ganhar importância por todo o mundo, em especial nas Américas e na Austrália. Na Europa, a sua expansão tem sido mais lenta, associada geralmente a falta de conhecimentos dos agricultores e baixa apetência para arriscar e mudar.

Uma equipa de investigação italiana, motivada pelos resultados associados à redução de custos de produção e melhoria da fertilidade do solo, perguntou-se se valeria a pena apoiar esta prática, com fundos europeus, de forma a incentivar a sua expansão.

Para fundamentar a resposta, basearam-se numa revisão da literatura, de modo a conhecer os aspectos agronómicos, ambientais e económicos associados à conversão da agricultura convencional para conservação.

Do ponto de vista agronómico, a principal questão que preocupa os agricultores é a possibilidade de redução de produtividade. Num outro estudo com base em 610 ensaios em todo o mundo verificou-se que em média podem ocorrer perdas de 5 a 10%. No entanto, verificou-se que em regimes de sequeiro, em regiões com baixa precipitação pode até haver aumento da produtividade.

Outra questão agronómica tem a ver com a fertilidade do solo. Em todos os estudos se verifica que existe um aumento de matéria orgânica nas camadas superiores do solo, que ajuda a reduzir a erosão e a melhorar a infiltração de água. Também a biodiversidade aumenta e com ela melhora a estrutura do solo e a retenção de nutrientes. Ainda relacionada com a estrutura está a compactação do solo, que é uma grande preocupação e cujos resultados de diversos estudos por vezes são contraditórios, gerando ainda maior confusão. Estes autores destacam estudos onde se verificam variações da densidade ao longo do ciclo de cultura.

Com base nos aspectos agronómicos, o estudo recomenda um apoio aos agricultores durante os três primeiros anos de transição, para compensar perdas de produtividade.

Quando avaliam a agricultura de conservação do ponto de vista económico, destacam os custos de produção e os custos de investimento em nova maquinaria. No primeiro caso, destaca-se a redução dos custos associados ao uso de máquinas e um aumento de custos com herbicidas, sendo geralmente o balanço favorável à redução dos custos totais de produção. Já o investimento em novos equipamentos pode ser um constrangimento à adopção da agricultura de conservação, justificando aqui a necessidade de apoios aos agricultores.

Finalmente, do ponto de vista ambiental, verifica-se a importante função de fixação de carbono, mas também uma redução a evaporação devido à cobertura do solo e aumento da retenção de água em profundidade, o que justifica os bons resultados da agricultura de conservação em climas quentes e secos. No entanto, em zonas de declives acentuados, recomendam também que se prevejam apoios à instalação de culturas de cobertura.

Este estudo sugere alguns outros pontos onde um apoio ao agricultor faz sentido, em particular uma diferenciação entre pequenos e grandes agricultores e um subsídio adicional para regiões de grande vulnerabilidade ambiental, onde seriam pagos pelo serviço ambiental prestado à sociedade. Considera ainda pertinente a existência de apoio técnico, para além do económico.

 

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