A preocupação com a sustentabilidade dos padrões de consumo e alimentação estende-se obrigatoriamente à produção agrícola. Recentemente temos visto apelos à redução do consumo de carne, à adopção de dietas baseadas em produtos vegetais e até a intenções de reduzir a produção nacional de bovinos. No meio de discussões mais ou menos fundamentadas esta semana encontrámos um estudo realizado nos Estados Unidos onde se parte do conceito de custo de oportunidade para entender a diferença entre uma dieta baseada em produtos de origem animal e uma baseada em alternativas vegetais, para entender o impacto ambiental e na sustentabilidade dos sistemas de produção.
O custo de oportunidade representa o valor associado a melhor alternativa não escolhida. É um dos conceitos básicos para entender a economia como ciência que estuda as escolhas.
Os investigadores partiram da observação da necessidade de alimentar uma população mundial em crescimento, que terá de passar pela redução dos desperdícios, aumento da produtividade agrícola, alteração dos sistemas de produção de animais e ainda redução do consumo de produtos de origem animal por uma parte da população mundial.
O combate ao desperdício alimentar, que se estima levar à perda de um terço da produção de alimentos noa EUA, pode ser o primeiro passo para uma maior eficiência e passa pela a melhoria das cadeias de distribuição. Mas um dado importante no desperdício é que, se este é igual para produtos animais e vegetais, a produção de um grama de proteína animal utiliza muito mais recursos do que o equivalente vegetal.
Para quantificar o custo dos diferentes produtos, compararam o uso do recurso terra para cinco produtos de origem animal (ovos, leite, carne de vaca, aves e porco) nos sistemas convencionais norte-americanos, com o de uma dieta alternativa baseada em plantas. A análise foi feita nutriente a nutriente, comparando qual a alternativa mais eficaz no uso de recursos.
O custo de oportunidade das perdas de produção de produtos animais em relação a vegetais, pode ir dos 40% nos ovos, o sistema mais eficiente, até 96% na carne de vaca, o sistema menos eficiente. Posto de outra forma, isto significa que uma alternativa vegetal pode gerar vinte vezes mais proteína por unidade de área do que a carne de vaca.
Estes resultados muito interessantes têm, no entanto, algumas notas importantes a destacar. Estes cálculos foram feitos para os sistemas de produção mais representativos da realidade americana, os autores destacam que a diferença entre sistemas de produção intensivos e extensivos é muito grande e, ainda mais, que um sistema de produção de carne extensivo aproveitando terrenos marginais, poder ter um papel económico muito relevante.
Mas o artigo traz ainda muito mais informação que vale a pena explorar, dada a complexidade e importância deste tema.
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