Nos últimos anos temos observado uma tendência de transição de alguns sistemas agrícolas para práticas com menor impacto ambiental. Entre estas práticas existe alguma relutância em aceitar colocar a agricultura biodinâmica entre técnicas como a produção integrada ou a agricultura biológica. É um facto que a agricultura biodinâmica é um conceito muitas vezes mal aplicado, albergando muita coisa, incluindo práticas com pouco suporte científico. No entanto, esta tendência, aplicada com fundamentação, está a ganhar adeptos na área da viticultura, com resultados interessantes.
Vários estudos têm sido realizados sobre as reais vantagens deste tipo de agricultura, com resultados por vezes contraditórios e grande variabilidade entre culturas e regiões. Um grupo de investigadores da Galiza foi analisar afinal quais os benefícios que pode trazer a viticultura biodinâmica, na Denominação de Origem Ribeiro, cujos resultados podem ser interessantes para o Norte de Portugal, em particular a região dos Vinhos Verdes.
A agricultura biodinâmica desenvolveu-se a partir dos anos 20, baseada numa abordagem holística da exploração dos recursos naturais. Assim é sempre tida em conta a sustentabilidade dos solos, das culturas e vida animal, baseada na redução do uso de factores de produção externos à exploração. No presente, a certificação como agricultura biodinâmica existe na União Europeia e pode ser conferida, após um período de conversão, a explorações anteriormente em modo de produção biológico.
Comparando explorações em modo biodinâmico, convencional e ainda explorações em transição entre um e outro modo de produção, encontraram-se resultados bastante interessantes. Em primeiro lugar, os investigadores observaram que os impactos ambientais dos diferentes modos de produção têm uma grande variação de ano para ano. Em particular, o uso de fungicidas depende grandemente das condições climáticas para o aparecimento de míldio e de oídio. No entanto, o modo de produção biodinâmico foi sempre aquele com menores impactos ambientais, tanto nos consumos de agroquímicos, como na conservação do solo e em particular no consumo de combustíveis, que é muito inferior a outros modos de produção, dada a redução de aplicações. Neste modo de produção, o controlo de infestantes e a fertilização do solo são muito ajudados pela entrada de ovinos e galinhas na vinha e utilização das entrelinhas como pastagem. Já o controlo de fungos é realizado apenas com recurso a compostos inorgânicos de cobre ou enxofre.
Assim, do ponto de vista ambiental, verificaram-se benefícios. A análise foi apenas realizada até à colheita, não entrando em conta com a fase de transformação na adega. No entanto, verificou-se que a viticultura convencional permite obter maiores produções. Quanto à produtividade, o seu cálculo terá de ter em conta tanto a parte económica como a ambiental e ainda os benefícios que poderão ocorrer nas características organolépticas do vinho obtido em cada modo de produção. Aqui podem entrar grandes distorções nos preços finais.
Fica ainda muito por explorar. A agricultura biodinâmica baseia-se ainda no uso de preparados, muitos com base homeopática, cujos reais benefícios estão por demonstrar.
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