Na primeira semana de Março de 2016 saiu a primeira publicação do Núcleo Agri sobre biotecnologia. Este mês estamos a celebrar o nosso aniversário e a iniciar o segundo ano de publicações.
Em jeito sentimental, voltamos ao trabalho do investigador Giles Oldroyd, desta vez com um artigo extremamente interessante sobre as principais questões que se põem para o futuro da investigação. Durante 3 meses de 2009 foi publicitado o desafio, sendo possível a quem estivesse interessado publicar a sua questão. De 350 questões vindas de vários países e de pessoas com diferentes profissões e interesses, o painel de autores do artigo chegou às 100 questões, que foram dividas por diferentes sectores. Os autores propuseram-se então responder brevemente, com base no conhecimento actual e deixar outras questões em aberto, esperando um dia obter a resposta. Separaram as perguntas em diferentes âmbitos: sociedade; ambiente; interacções entre espécies; o conhecimento e uso das células vegetais; e a diversidade.
As questões que foram compiladas deixam em aberto bem mais de 100 caminhos de investigação para o futuro e demonstram os enormes desafios que a ciência tem pela frente e o quanto é fascinante e pragmático estudar as plantas.
As questões mais importantes para a sociedade prendem-se com a alimentação de uma população mundial crescente; controlo espécies invasoras, tanto plantas como pragas e doenças; combate ao aquecimento global; quais os novos avanços que vão permitir a biologia vegetal avançar e como valorizar o papel das plantas e de quem as estuda; e ainda questões sobre bem-estar e saúde.
Para o ambiente, foram identificadas questões mais técnicas sobre desenvolvimento de novas variedades tolerantes a seca, salinidade ou solos contaminados; onde se questiona a possibilidade e o interesse de transformar plantas C3 em C4, ou anuais em perenes; quais os limites à produtividade e à capacidade de adaptação a ambientes hostis; se os mecanismos de adaptação das plantas conseguem acompanhar as alterações climáticas ou se conseguem evitar a desertificação.
As questões mais importantes sobre interacções tentam saber se existem formas de controlar espécies invasoras; se será do nosso interesse erradicar totalmente pragas e doenças; quais as formas mais sustentáveis de combater os inimigos das culturas; como melhorar as simbioses e fixação de nutrientes.
Quanto ao conhecimento e uso das células vegetais, as questões estão no limiar do conhecimento, desde conhecer a origem dos organismos multicelulares; o controlo dos diferentes organelos; quais os sinais que indicam a que tecido pertence uma célula, de forma a que esta se desenvolva de acordo com a sua função; o que será que determina o vigor híbrido; ou ainda como conseguir melhorar plantas e algas para capturar mais carbono da atmosfera?
Por fim, o grupo de questões sobre diversidade estão relacionadas com a necessidade de identificar novas plantas com potencial de beneficiar a humanidade e como explorar essa diversidade de forma responsável e sustentável.
A primeira conclusão deste estudo foi o quanto algumas das mais importantes questões para o futuro da humanidade passam pela biologia vegetal. Outra importante conclusão é que apenas com a colaboração de equipas multidisciplinares será possível responder a estas perguntas. Este desafio entra também na definição de políticas, currículos e financiamento do ensino superior, de forma a capacitar as gerações futuras e também a ser capaz de cativar os mais brilhantes para a investigação.
Este estudo foi realizado no Reino Unido, como responderíamos em Portugal aos desafios lançados por estas perguntas? Terão a nossa sociedade e os nossos decisores políticos capacidade para entender estes desafios e a importância de formar bons investigadores? Será que entendemos realmente a quantidade de ciência que está a suportar a nossa capacidade de nos alimentarmos, ou a qualidade do nosso ambiente?
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