De que forma é que o apoio a um ramo da investigação leva de facto ao seu maior avanço?
Esta semana, cruzamos biotecnologia com agroecologia.
Investigadores de Lovaina, na Bélgica debruçaram-se sobre a evolução das disciplinas de engenharia genética e agroecologia e de que forma o seu avanço e posterior aplicação prática é influenciado pelo regime tecnológico presente.
O ponto de partida deste artigo baseou-se nas recomendações do IAASTD (painel internacional para a avaliação da ciência e tecnologia agrícolas para o desenvolvimento) com vista a uma reorientação do curso da investigação agronómica para maior desenvolvimento humano e menor pegada ecológica.
Perguntaram-se então de que forma o desenvolvimento das ciências agronómicas tem ocorrido até hoje. A primeira observação foi a diferença entre o desenvolvimento destas duas disciplinas, com muito maior avanço da biotecnologia em relação à agroecologia. Verificaram também uma aparente ligação entre esta realidade e um maior apoio dos governos a investigação em genética. Seria este facto determinante no maior avanço e adesão à biotecnologia em detrimento da agroecologia?
O passo seguinte foi investigar quais são os determinantes da inovação em agricultura. Recorreram a entrevistas com cientistas, stakeholders, análise de documentos de política agrícola na União Europeia, nos Estados Unidos e na FAO e ainda participaram em discussões sobre inovação e ciência em diversos países europeus.
A biotecnologia, cuja face mais visível é a adesão a variedades geneticamente modificadas, beneficia da combinação de várias forças, desde um sistema científico em que os investigadores que mais publicam progridem (“publish or perish” – publicar ou perecer), a uma mais fácil aplicação nos sistemas agrícolas já estabelecidos. Mais ainda, a biotecnologia insere-se no desenvolvimento da ciência moderna, podendo seguir-se as suas origens até ao século XVIII, nomeadamente no desenvolvimento das primeiras variedades melhoradas de cereais.
Em contraste, a agroecologia rompe não só com práticas agrícolas enraizadas (veja-se a situação de um lavrador deixar de lavrar) como também requer também uma nova visão da evolução da ciência agronómica, exigindo ainda a combinação de mais disciplinas e um tempo até à geração de resultados científicos pouco simpático para quem se insere no sistema de “publicar ou perecer”.
O que concluem então?
Bom, de um ponto de vista de teoria económica, a biotecnologia beneficia da abordagem neo-clássica enquanto a agroecologia necessita que haja abertura a uma visão de economia evolucionista para progredir. Ou seja, na prática podemos dizer que a biotecnologia está bem e recomenda-se dentro do curso de evolução científica normal, mas para diversificar os sistemas agrícolas e conseguir enfrentar novos desafios será necessário incentivar também a investigação em agroecologia.
Para saber mais, fica a ligação:
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