O stress induzido pelas altas temperaturas é um dos factores limitantes da produtividade de ruminantes. De facto, a adaptação ao clima é uma das principais preocupações dos criadores e melhoradores das raças e é crucial conhecer os seus efeitos para melhor entender e desenhar programas de melhoramento locais. No caso da adaptação a climas quentes, é importante a capacidade dos animais em dissipar calor através das características corporais, para além da capacidade de resposta celular, com expressão de proteínas de choque termal, como a HSP-70, capazes de proteger as células de degradação devido a altas temperaturas.
Uma das raças ovinas mais importantes na aptidão para produção de carne é sem dúvida a Suffolk. Esta raça, das mais antigas de Inglaterra, caracteriza-se por uma boa conformação, prolificidade, peso à nascença e taxa de crescimento. No entanto, dada a sua origem no Norte de Inglaterra, as suas características produtivas são adaptadas a este clima mais frio e húmido. Assim, tem existido um esforço de investigação em diversos países de forma a conhecer e adaptar esta raça a climas mais quentes e mais áridos. Uma vez que esta raça tem sido usada para cruzamentos, tem sido dada grande importância às condições que possam afectar a capacidade produtiva dos carneiros.
Num estudo realizado no México, foram comparadas ovelhas adultas de uma raça local adaptada a clima tropical (Pelibuey) com a raça Suffolk na resposta a altas temperaturas. De facto, verificaram que a variação da temperatura rectal desta raça (0,7oC) era maior do que na Pelibuey (0,3oC). Quanto a efeitos a nível celular, se a 37oC não encontraram diferenças significativas, já à temperatura extrema de 43oC, houve uma redução da viabilidade celular das Suffolk de 11,8%, contra 8,2% na raça local, indicando as diferenças de adaptação.
O que significa, em termos de produção, este tipo de diferenças? Em primeiro lugar, ocorre muitas vezes uma redução da ingestão que pode levar a perdas significativas de peso que, por sua vez, podem causar menor fertilidade, menor peso à nascença e menor peso ao desmame.
E em termos de reprodução? Neste caso, ao procurar os efeitos da adaptação climática, em geral encontram-se estudos realizados em latitudes tropicais, onde o fotoperíodo parece ter mais importância do que a temperatura, o que é natural dada a grande importância do fotoperíodo no ciclo reprodutivo dos ovinos. Já num estudo realizado na Índia, com raças locais, verificou-se que existe redução da qualidade do esperma em animais em stress termal, sem que nas raças adaptadas a climas mais quentes esta redução da qualidade ponha em risco a capacidade reprodutiva dos animais.
Um resultado importante nestes estudos é no entanto a variação na resposta ao calor observada entre indivíduos da mesma raça, o que indica um potencial de selecção para adaptação de raças muito produtivas de climas frios ao clima mediterrânico e a climas tropicais e semi-áridos.
Saiba mais sobre o estudo realizado no México aqui, sobre o estudo indiano aqui e ainda aqui.
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