O desperdício alimentar ocorre em todo o mundo, tanto em países desenvolvidos, ligado a hábitos de consumo mais ou menos desregrados, como em países em desenvolvimento, onde as condições de conservação dos alimentos podem ser muito precárias.
Após anos a desenvolver aditivos e conservantes capazes de prolongar a conservação dos alimentos, a indústria alimentar responde agora às inquietações e desejos dos consumidores. A investigação centra-se cada vez mais na redução de compostos artificiais, no melhoramento das embalagens e no desenvolvimento de conservantes cada vez mais naturais (como já mencionámos nesta publicação). A incorporação de compostos naturais com acção conservante nos materiais das embalagens surge ainda associada ao desenvolvimento de polímeros biodegradáveis, numa nova geração de materiais que se querem menos poluentes e mais eficazes na protecção e preservação das qualidades dos alimentos.
Mas não parece ser preciso ir muito longe para encontrar novos e interessantes compostos, como demonstra a investigação realizada na Universidade Nova de Lisboa, em busca de formas eficientes de conservar carne, um produto facilmente perecível. As ervas aromáticas mais comuns têm acção antibacteriana e antioxidante, como é o caso do alecrim, tomilho e orégãos. Os óleos essenciais destas plantas podem ser incorporados em embalagens, que podem assim aumentar o tempo de conservação de carnes.
No entanto, os biopolímeros apresentam-se menos resistentes do que os plásticos comuns de embalagem. Para ultrapassar esta fragilidade, é-lhes adicionada montmorilonite, uma nano-argila. É aqui que será necessário mais desenvolvimento, pois ainda se sabe pouco sobre a interacção destes compostos e se a adição de montmorilonite não tem influência na actividade dos óleos essenciais.
No artigo que aqui divulgamos, foram desenvolvidos bio-nano-compósitos de quitosano e montmorilonite nos quais foram incorporadas diferentes concentrações de óleo essencial de alecrim. Estes materiais foram então testados quanto às suas propriedades enquanto embalagens activas. Foi observado que a montmorilonite reduz a actividade antioxidante e antibacteriana dos óleos incorporados na embalagem. Por outro lado, reforça a embalagem. A combinação destes compostos num material de embalagem permitiu prolongar a conservação de carne de aves, retardando a oxidação dos lípidos, o crescimento de bactérias, a descoloração a carne e o aumento de pH.
Os investigadores continuam a estudar as melhores concentrações de compostos no desenvolvimento de um material cada vez mais eficiente na conservação. Esperam também poder aumentar o valor nutricional das carnes assim embaladas através da migração de compostos bioactivos da embalagem para os alimentos.
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