Uma das maiores limitações ao crescimento das culturas prende-se com limitações ao nível da planta na capacidade de absorver azoto e fósforo. Consequentemente, ao longo do século XX, desenvolveram-se fertilizantes cuja aplicação é hoje generalizada. No entanto, sabemos também que o uso de fertilizantes tem custos, tanto monetários, como ambientais.

Partindo do conhecimento acerca das associações simbióticas entre leguminosas e fungos (micorrizas) que facilitam a absorção do fósforo e bactérias (rizóbio) que permitem a fixação do azoto ambiental, existem hoje estudos moleculares com vista a conhecer os sinais químicos que permitem estas associações e assim extrapolar para outras espécies.

Giles Oldroyd, do John Innes Centre, em Norwich, no Reino Unido, lidera uma linha de investigação financiada em 10 milhões de dólares pela fundação Gates. Esta, visa desvendar os sinais químicos existentes na simbiose entre planta e fungo e planta e bactéria e com base nesse conhecimento criar variedades de cereais geneticamente modificadas, capazes de fixar fósforo e azoto. As espécies alvo desta investigação são o milho, o trigo e o arroz.

Nesta fase, esta equipa de investigadores tem já um conhecimento avançado dos sinais químicos que levam às simbioses que as leguminosas formam com os microrganismos. Sabe-se também que alguns destes sinais químicos estão presentes em cereais. O passo seguinte é agora entender como replicar a simbiose a partir do que já existe nos cereais.

Enquanto nas Américas esta ideia parece genial, na Europa tradicionalmente este tipo de investigação é visto no mínimo com desconfiança. Cereais a nodular?! Qual o efeito nos ecossistemas dos solos? Quais as necessidades em água? E tantas outras questões que se podem levantar, para não falar do custo destas variedades.

No entanto, a nível biológico estamos a falar de um tipo de transformação que se baseia em genes de espécies muito mais próximas do que já acontece com a introdução do milho Bt.

Quando se poderá ter acesso a esta tecnologia e quem poderá beneficiar?

 

Para mais informação: https://www.jic.ac.uk/staff/giles-oldroyd/