A gafa da azeitona é uma doença associada a perdas significativas, tanto em quantidade como na qualidade do azeite. É causada por várias espécies de fungos do género Colletotrichum, com algumas diferenças na colonização dos tecidos e nos consequentes estragos na planta.

Uma equipa do ICAAM publicou recentemente um artigo onde se avança no conhecimento da doença em Portugal, nomeadamente, na região do Alentejo, onde foram feitas as observações. A partir da amostragem de 270 árvores de três variedades, foram isoladas 68 amostras do género Colletotricum em 46 árvores. Através da extracção de DNA e amplificação de sequências conhecidas, foi possível encontrar diferenças e identificar as espécies presentes.

As amostras foram obtidas em três concelhos, Vidigueira, Monforte e Elvas, em olivais de produção intensiva. As cultivares amostradas foram a Galega vulgar, a Cobrançosa e a Azeiteira. Os investigadores recolheram amostras em três épocas do ano, consoante os órgãos amostrados. Ramos de dois anos no início da primavera; botões florais no fim da primavera; e frutos imaturos no início do outono.

A maioria das árvores infectadas eram de Galega vulgar, muito susceptível à mosca da azeitona e à gafa, sendo apenas nesta cultivar que se observou a presença do patogéneo em mais do que um órgão: em três árvores das amostradas foi encontrado o fungo nos botões e nos frutos imaturos e em quatro árvores foi encontrado nos ramos e nos frutos imaturos.

As observações deste estudo permitiram tirar conclusões muito relevante. Em primeiro lugar, que os órgãos sem sintomas constituem uma importante fonte de inóculo da doença. Em segundo lugar, a presença do mesmo isolado em dois órgãos da planta parece indicar um movimento sistémico do fungo dentro da planta, o que leva a ponderar melhor o combate a esta doença. De facto, este novo dado pode explicar a dificuldade dos fungicidas de contacto em combater a doença e aponta para a possibilidade de se melhorar o combate à gafa da azeitona através da aplicação de fungicidas sistémicos no fim do inverno, de modo a eliminar infecções latentes, reduzindo assim a necessidade de mais aplicações curativas.

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