Num artigo recente, publicado na Nature Science foi demonstrado que se atingiu a concentração máxima de dióxido de carbono na atmosfera desde existe a nossa espécie. Estes dados não deixam dúvidas para a urgência de, como um todo, a nossa sociedade adquirir formas de reduzir as emissões de dióxido de carbono e outros gases com efeito de estufa.

A não-mobilização tem demonstrado resultados inequívocos na capacidade de sequestrar CO2, mas alguns críticos apontam para a possibilidade de a estrutura do solo não mobilizado ser favorável ao aumento de emissões de óxido nitroso (N2O), cujo potencial de efeito de estufa é 250 vezes superior ao do CO2. O problema do N2O em casos de mobilização reduzida está relacionado com o potencial de aumentar a retenção de água e encharcamento, criando condições para bactérias anaeróbias que libertam o azoto para a atmosfera. Os resultados de vários estudos são realmente contraditórios e demonstram que é necessário identificar as diferentes variáveis implicadas, desde o clima, o tempo de implantação das práticas de conservação de solo e as próprias culturas.

Precisamente para esclarecer este ponto, uma equipa italiana realizou um estudo onde monitorizou as emissões de CO2 e N2O na cultura de milho para forragem e silagem comparando mobilização convencional com mobilização mínima. O estudo foi realizado num campo experimental da Universidade de Nápoles, no Sul de Itália, com condições de clima e solos mediterrânicos. Os ensaios foram mantidos durante três anos, com uma lavoura de Outono na mobilização convencional e uma gradagem para preparação da sementeira, tanto na convencional como na mobilização mínima. Ambos os tratamentos receberam o mesmo tipo de fertilização, existindo ainda dois talhões de controlo, sem fertilização, para comparar os efeitos da adição de azoto nas emissões. Quanto à rega, foi sendo realizada de acordo com as perdas por evapotranspiração, sendo realizada por gota-a-gota, o sistema mais comum no Sul de Itália.

As medições das emissões foram realizadas no terceiro ano de cultivo, em duas fases: Outubro a Fevereiro, de modo a medir o efeito da lavoura; e Maio a Setembro. Ao longo do tempo foi monitorizada a temperatura do solo, calculado o teor de água e a porosidade. Foi também estimada a produtividade da cultura em ambos os tratamentos e recolhidas amostradas de solo, para análise.

As emissões de gases seguiram um padrão sazonal. Durante o ciclo da cultura, as emissões de CO2 registaram um pico no crescimento do caule, reduzindo-se a partir daí, já as emissões de N2O aumentavam após cada rega. O principal motor de emissões de carbono foi a temperatura do solo.

Os resultados destes ensaios mostraram produtividades semelhantes em ambos os tratamentos. A mobilização mínima permitiu uma redução das emissões de ambos os gases, sendo a diferença apenas significativa no caso do CO2. No entanto, parece existir uma tendência para redução das emissões de N2O ao longo do tempo, que poderá ser confirmada com o continuar destes ensaios por mais anos.

Também um estudo realizado em Espanha aponta para resultados semelhantes.

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