O arroz é a segunda mais importante cultura mundial, atrás do trigo, sendo a base da alimentação da maioria das populações da Ásia. A sua importância leva à existência de institutos e publicações científicas dedicadas apenas a esta cultura.
Como base da alimentação de milhões de pessoas, a sua produtividade e qualidade são essenciais, sendo que estas características são afectadas pelo clima e por pragas e doenças. Em particular, as altas temperaturas têm impacto negativo na qualidade do arroz, influenciando o seu teor em amido, o que vai levar a modificações na textura e sabor após cozedura.
O aquecimento global tem vindo a contribuir para cada vez mais frequentes e graves situações meteorológicas extremas. As situações extremas têm repercussões nas culturas agrícolas, podendo levar à sua destruição imediata ou a perdas de produção derivadas de stress abiótico causado pelas condições ambientais.
Entre as causas de stress abiótico nas plantas estão temperaturas extremas, salinização do solo, variações no pH, deficiências de nutrientes, excesso de radiação solar, seca ou inundações. O stress abiótico gera alterações fisiológicas nas plantas e pode ainda alterar a sua capacidade de resistir a pragas e doenças.
O estudo da fisiologia do arroz é essencial para entender os efeitos do stress abiótico na planta e assim prever os efeitos das alterações climáticas na qualidade e produtividade. Em particular, o estudo do metabolismo do amido sob stress é assim essencial, já que este compõe cerca de 90% do grão após secagem. Assim, a investigação em todo o mundo tem vindo a prestar atenção à forma como os diversos stresses abióticos podem alterar a composição e acumulação de amido.
Sabe-se que durante o enchimento as altas temperaturas têm um efeito negativo na qualidade do amido, sendo conhecidos os efeitos da temperatura na regulação dos genes envolvidos na cadeia biossintética do amido. O grão pode ficar enfarinhado devido a uma acumulação irregular do amido. Para além do impacto na qualidade, em certas regiões do mundo foi documentado que um aumento de 1ºC pode levar a perdas de 6%. Em particular, as temperaturas elevadas de noite, com impacto na respiração das plantas, alteram o formato do grão, as dimensões e, claro, o amido.
Também a salinização tem efeitos negativos na cultura, podendo certos sais levar à esterilidade das flores, afectando a produção de grão.
Outro factor extremamente importante para a produção de arroz é a água. Calcula-se que em média no mundo são precisos 2500 litros de água para produzir 1 Kg de arroz. Não só a disponibilidade de água para a cultura é essencial como esta tem impacto nas populações das regiões produtoras, onde podem ter de escolher entre permanecer na região ou migrar, dependendo da disponibilidade deste recurso.
Assim, os programas de melhoramento actuais têm de ter em conta os genes cuja regulação é afectada pelos stresses abióticos que se prevê que venham a ocorrer na cultura.
Saiba muito mais aqui, num livro todo ele dedicado à investigação sobre a tolerância ao stress abiótico em arroz.
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