Nos últimos vinte anos tem havido bastante investigação sobre o papel do pastoreio no controlo de matos e prevenção de incêndios florestais. Em geral, os estudos têm-se debruçado mais sobre caprinos, dada a sua capacidade de digerir melhor e retirar a energia necessária de plantas lenhosas.
No entanto, mais recentemente, alguns estudos têm vindo a apontar para a possibilidade de os bovinos se poderem alimentar também de plantas lenhosas, em particular nos matos mediterrâneos. Este interesse vai ao encontro de algumas políticas Europeias agro-ambientais, que têm vindo a promover o uso de animais no controlo dos matos.
Os produtores, porém, encontram um dilema entre a promoção da saúde e produtividade dos seus efectivos e a eficiência destes no controlo de matos, isto é, para serem produtivos e saudáveis, os animais são geralmente suplementados, mas isso leva a que sejam menos eficientes no controlo da vegetação lenhosa.
Com vista a determinar o potencial dos bovinos no controlo dos matos sem pôr em risco a sua condição corporal, um grupo de investigação espanhol investigou os efeitos de curto-prazo na saúde dos bovinos quando introduzidos em zonas de pastoreio com matos, em altas densidades e sem suplementação durante um período curto de tempo. Este maneio força os animais a alimentarem-se das plantas lenhosas, sem grande selecção.
O ensaio colocou durante dois meses, de Abril a Junho de 2014, catorze vacas adultas numa área de 14 ha de matagal mediterrânico. Ao longo deste período foram sendo recolhidas amostras de sangue e de fezes para determinar a composição da dieta e o estado nutricional dos animais.
Verificaram que os animais adaptaram os seus hábitos alimentares, começando a consumir algumas plantas mais inflamáveis. No entanto esta alteração na dieta teve efeitos na saúde, o que aponta para a dificuldade do uso de bovinos no controlo da vegetação. Os investigadores apontam assim para a necessidade de mais investigação sobre o desenho de esquemas de suplementação que minimizem os riscos para a saúde dos animais. Para já defendem que o período máximo de permanência dos animais nos matos será os dois meses. Verificaram também que existe consumo de espécies-chave como ericáceas, que devido ao alto teor de meteria seca são muito inflamáveis, tornando assim interessante a permanência dos bovinos nestas áreas florestais.
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