Muito tem sido escrito aqui sobre sequestro de carbono ao nível da exploração agrícola. Mas, no agregado, pouco se tem referido sobre o papel do uso do solo na fixação de carbono.

Um grupo de investigadores da Universidade Nova de Lisboa recorreu a informação geográfica e ferramentas estatísticas para modelar o impacto do uso do solo na fixação de carbono em Portugal continental. Partindo de dados obtidos entre 2007 e 2010 sobre a variação da cobertura do solo, modelaram a evolução do sequestro de carbono até 2020.

No meio de políticas que desejam induzir um uso do solo capaz de reduzir emissões de gases de estufa e compensar as emissões através de sequestro de carbono, é essencial medir o impacto de tais políticas e saber também qual o ponto em que nos encontramos, para definir quais os passos seguintes a dar.

Entre 1995 e 2010, o uso do solo em Portugal variou pouco, com um ligeiro aumento (2,3%) da área florestal e uma ligeira redução (-2,1%) da área agrícola. Apesar das políticas adoptadas por todo o país, para atingir metas de desenvolvimento sustentável, o impacto dos incêndios florestais é devastador em termos de emissões de carbono, apontando para uma necessidade urgente de proteger as florestas através de melhor gestão do território.

Os dados usados no estudo partiram da carta de ocupação do solo e do inventário florestal. Desta forma, foi possível criar classes de uso do solo e também caracterizar a composição da floresta portuguesa. Recorrendo a um software concebido para mapear e quantificar o capital natural, puderam quantificar os serviços de ecossistema das espécies florestais e do uso do solo.

Comparando os dados compilados noa anos 2007 e 2010, foi possível verificar a evolução da ocupação do solo e o seu impacto na fixação de carbono. Depois, os modelos permitiram extrapolar os dados para prever a evolução até 2020.

Os resultados obtidos deixam alguma apreensão, já que apesar de as variações serem pequenas, apenas no distrito de Vila Real a evolução da fixação de carbono se prevê positiva. No restante território continental, prevê-se que as emissões de carbono continuem a aumentar, sendo o distrito mais preocupante o de Aveiro.

Se por um lado os investigadores reconhecem que a abordagem feita é simplista, baseada em modelos que preveem uma evolução do carbono baseada num cenário onde nada é feito de forma diferente da inicial, esta também permite verificar a necessidade de evoluir nas políticas e práticas. Assim, pretendem desenvolver mais os modelos, de forma a poder elaborar cenários e fazer a sua avaliação em termos de impacto no carbono do solo.

Saiba mais aqui.