As novas tecnologias que se vão desenvolvendo nas mais variadas áreas da ciência podem encontrar aplicação também na agricultura. Numa revisão do estado da arte na investigação de novos materiais para uso agrícola, encontramos os nano-materiais. Chama-se nano-materiais a compostos químicos com dimensões entre 1 e 100 nanómetros. Estes têm demonstrado características físico-químicas particulares, que lhes têm rendido grande interesse e aplicações nas mais diversas áreas.

No caso da agricultura tem-se procurado ganhar eficiência no uso dos compostos químicos mais frequentemente usados, reduzindo a quantidade de fitofármacos e aumentando a absorção de fertilizantes. De facto, o potencial dos nano-materiais é enorme, permitindo agir em cada ponto crítico onde haja desperdício ou degradação dos agroquímicos, seja por escorrimento, evaporação, degradação física, química ou por microrganismos. Estes compostos, podem ser usados como aditivos, desenhados especificamente para cada um dos problemas identificados na aplicação e desempenho dos fitofármacos e fertilizantes. Por exemplo, é interessante a possibilidade de usar aditivos que protejam as substâncias activas de fotodegradação, ou que aumentem a sua absorção através das folhas.

Da teoria à prática, muito caminho tem sido feito nos últimos anos, com crescente número de patentes para aplicações na agricultura e também grande volume de investigação científica, medida pelo número de artigos científicos sobre nano-materiais na agricultura. Esta investigação busca não só encontrar as soluções mais vantajosas, mas também identificar potenciais perigos destas substâncias, muitas delas altamente tóxicas e perigosas para nós e para ao ambiente. Segundo os especialistas na área, este conhecimento é urgente, pois é essencial regular o uso destes materiais que vão surgindo, de modo a assegurar o seu melhor uso e tirar partido deste potencial.

Os nano-materiais mais comuns são baseados em carbono (nano-tubos, lipossomas, polímeros), seguidos de óxidos metálicos (por ex. titânio), compostos de sílica e não-metais (como o enxofre). Quanto à sua aplicação, a maioria das patentes registadas para fitofármacos destina-se a fungicidas, seguidas dos insecticidas, sendo em alguns casos o próprio nano-material a agir como substância activa, com óxidos de prata e compostos de enxofre a serem desenvolvidos para aplicação como fungicidas, ou insecticidas à base de compostos de silício e alumínio. No entanto, a maioria das patentes de pesticidas destinava-se a aditivos para controlo da disponibilização das substâncias activas, protecção das mesmas ou agentes dispersantes e catalisadores.

No artigo que recomendamos mais abaixo, são listados os compostos mais comuns e suas aplicações. No entanto, os especialistas chamam a atenção para as lacunas na investigação no que respeita aos efeitos no ambiente, em especial nos solos. De que forma se degradam compostos que visam evitar degradação? Como se acumulam nos solos? Como se movem? Quais os seus efeitos nos microrganismos do solo?

Os investidores notam que é preciso construir toda uma nova realidade de procedimentos e testes de segurança e toxicidade que tenham em atenção as características específicas destes materiais.

Saiba mais aqui.