Muito se tem falado por aqui de não-mobilização e de agricultura de conservação. No entanto, nem sempre são consensuais os resultados obtidos na prática, em especial nos primeiros anos após a mudança de um sistema de mobilização convencional para não-mobilização.

Sim, estamos a falar de engenharia rural, apenas desta vez cruzamos um pouco mais com a agroecologia, afinal os ramos de investigação sobrepõem-se por vezes.

Em ensaios recentes no centro de Espanha, um grupo de investigadores internacional visou clarificar algumas dúvidas quanto aos efeitos de curto-prazo da transição para sistemas de não-mobilização em milho. De facto, os efeitos de longo-prazo estão mais bem documentados, o que por vezes gera alguma confusão quando se analisam os efeitos no solo e produtividade nos primeiros anos após mudança de sistema: em alguns casos existem dificuldades em trabalhar os solos nos primeiros anos, em especial, pode verificar-se compactação e menor infiltração.

Os resultados para ensaios em milho em quatro modalidades de mobilização demonstraram que na transição para menor mobilização existe maior compactação do solo em relação ao observado em mobilização tradicional. No sistema de não-mobilização, a compactação foi mais alta e a temperatura do solo à emergência menor durante todo o ciclo da cultura. Estas duas observações combinadas mostraram serem estas a razões de uma redução da produtividade da cultura na transição para não-mobilização, apesar dos autores destacarem que não houve limitação na disponibilidade de água, o que poderia trazer outro tipo de distorções.

Se na não não-mobilização a produtividade foi significativamente menor, nas duas modalidades testadas de mobilização reduzida tal não aconteceu. As conclusões deste estudo apontam para a utilidade de, numa fase de transição para agricultura de conservação, optar por mobilização com recurso a covachos, cujos efeitos no solo no curto-prazo eles verificaram serem benéficos em relação à mobilização reduzida e à não-mobilização, em especial na produtividade. Esta seria uma forma de numa primeira fase reduzir o impacto na produtividade.

No entanto, se nestes ensaios os investigadores encontraram resultados interessantes por investigarem o curto-prazo, ainda falta verificar num médio prazo qual seria o passo seguinte para concluir a transição faseada para não-mobilização, que os próprios autores consideram a prática mais interessante em termos de estrutura do solo, retenção de água, retenção de matéria orgânica e redução de custos associados ao uso de maquinaria agrícola.

 

 

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