Os microvegetais são uma das mais recentes modas da gastronomia. São decorativos e cheios de sabor, mas são também muitas vezes declarados como fontes de nutrientes importantes, sem que, no entanto, se conheça o seu real valor.

Os microvegetais são plântulas recém-germinadas, comercializadas na fase de cotilédones ou com as duas primeiras folhas. São frequentemente produzidas em cultura hidropónica, com ciclos de cultura entre 10 e 20 dias após germinação, dependendo da espécie.

Apesar de serem cada vez mais populares, muito apelativas pelo sabor intenso e diferente do das plantas a que dão origem, e frequentemente publicitados como altamente concentrados em nutrientes, existe ainda muito por conhecer. Um estudo de 2012, realizado em 25 espécies comercializadas, foram de facto encontradas concentrações superiores de vitaminas e carotenoides nos microvegetais em relação às plantas adultas. No entanto, existe ainda muito onde melhorar as técnicas de cultura e conhecer os potenciais de produtividade.

Noutro estudo de 2017, foram analisadas em pormenor três espécies, com grande procura, cultivadas em meio hidropónico: manjericão, acelga e rúcula. Os ensaios realizados iniciaram-se pela sementeira, com uma média de 21700 sementes por metro quadrado, num sistema flutuante com vermiculite. As plantas foram colhidas ao aparecimento da primeira folha (17 dias para rúcula e acelga e 27 dias para manjericão), com os cotilédones ainda verdes. Nesta fase foram pesadas raízes e parte aérea e determinada a área foliar. Tanto os rebentos como as raízes foram analisadas para estimar o seu conteúdo mineral e, na parte aérea, foi ainda analisado o conteúdo em clorofilas, carotenoides, fenóis, antocianinas, sacarose, açúcares totais e nitratos. Foi ainda contabilizado o volume de solução de cultura consumido para a produção destes rebentos.

Em média as culturas consumiram 35 litros de solução por metro quadrado de cultura, sem grandes diferenças entre espécies. A espécie mais produtiva foi a acelga e a menos o manjericão. As análises de composição mineral da parte comestível mostraram diferenças entre as espécies, bem como as análises aos compostos orgânicos.

No geral dos estudos até agora realizados destaca-se a pouco surpreendente baixa produtividade em relação às quantidades de semente e nutrientes usadas, metade da produtividade das mesmas culturas colhidas em fase plenamente desenvolvida. Um resultado importante é o baixo teor em nitratos em relação às plantas colhidas em baby-leaf ou adultas, o que poderá ser benéfico. O teor em açúcares também se revelou bastante mais baixo, o que implica um menor tempo de conservação.

Os investigadores consideraram as culturas analisadas bastante interessantes, já que requerem poucos nutrientes. Consideraram, no entanto, que a qualidade destes vegetais poerá ser melhorada, em particular, no que refere ao facto de terem de ser consumidos num período de 1 a 2 dias. Por este facto, recomendam um maior investimento no conhecimento do tempo ideal do ciclo de vida, de modo a melhorar o conteúdo em açúcares e também em micronutrientes, que poderão ser interessantes do ponto de vista da nutracêutica.

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