O género Cannabis corresponde a uma das mais antigas culturas. Ao longo de séculos, as variedades de cânhamo foram uma importante fonte de fibras para a produção de cordas. Porém, no século XX, foi perdendo interesse como cultura, sendo as fibras de cânhamo substituídas em quase todas as suas aplicações por fibras sintéticas. A popularização das variedades intoxicantes originárias de África e Sudoeste Asiático levou ainda à proibição do cultivo desta espécie em toda a Europa e América do Norte, sem que a legislação distinguisse as diferentes variedades.

Desde dos anos 90, no entanto, a cultura tem voltado à ribalta, com a defesa do seu uso como planta medicinal em casos de doenças graves ou doentes terminais. Esta tendência tem vindo a despertar igual interesse por parte dos agricultores na procura de novas culturas com interesse económico.

As diferentes estratégias e interesses de melhoramento levaram à existência de fenótipos muito diferentes. As plantas de cânhamo são altas, com entrenós longos, de modo a obter fibras tão longas quanto possível. As plantas de marijuana cultivadas de forma ilegal foram sendo escolhidas para serem pequenas e com inflorescências muito concentradas, de forma a que pudessem ser cultivadas em espaços confinados “às escondidas” e a potenciar a inda a produção das inflorescências, onde se encontram os tecidos que segregam o canabinóide THC.

No presente, a cultura tem vindo a ganhar interesse como fonte de matéria-prima para a indústria farmacêutica com base na grande variedade de canabinóides que produz, em particular o canabinol, uma substância sem efeitos psicotrópicos, que tem despertado o interesse da indústria para o desenvolvimento de medicamentos para a dor, havendo também investigação noutras aplicações. A espécie pode ainda vir a ser interessante como oleaginosa.

Ambas as aplicações industriais que recentemente têm despertado interesse económico exigem o desenvolvimento de variedades ananicadas, com folhagem e inflorescências compactas, menor produção de frutos e consequentemente sementes maiores e mais ricas em óleo. Será ainda importante um maior conhecimento das vias metabólicas dos compostos canabinóides, de modo a melhor explorar o seu potencial farmacêutico, ao mesmo tempo que se isolam plantas que não produzam o THC.

Num artigo de revisão sobre o estado da arte do melhoramento da cultura é ainda identificado como maior obstáculo aos melhoradores a dificuldade de aceder a germoplasma das variedades ilegais e outros obstáculos legais à investigação, nomeadamente, em países onde a legislação não distingue cânhamo de variedades intoxicantes.

Saiba mais aqui.