A evolução da agricultura comercial levou ao abandono de muitas culturas tradicionais, menos produtivas, ou com características mais heterogéneas, que dificultavam uma padronização dos métodos de produção.

Dentro das culturas negligenciadas ou tendencialmente pouco usadas, os vegetais perenes têm características importantes na mitigação de efeitos das alterações climáticas. São definidos como plantas perenes cultivadas pelas suas partes vegetativas ou reprodutivas, isto é, folhas, rebentos e flores, sendo também considerados os frutos que não se incluem no que chamamos fruta. Representam à volta de metade das espécies de vegetais cultivados e apenas 6% da área de cultura mundial. Entre as mais conhecidas encontramos as azeitonas, o abacate, os espargos e as alcachofras. Mas a maioria das espécies perenes são menos divulgadas globalmente.

Os vegetais perenes têm níveis elevados de nutrientes essenciais para suprir carências alimentares presentes em várias populações do mundo. Ao mesmo tempo, este tipo de plantas

Num artigo publicado em Julho, na revista PLos One, é feita uma revisão da literatura abrangendo 613 espécies perenes cultivadas e todos os continentes habitados, de forma a entender o potencial deste grupo de culturas no que respeita a nutrientes e capacidade de sequestrar carbono nas suas partes perenes, em particular nas espécies lenhosas.

A caracterização deste grupo tão diverso leva a encontrar plantas herbáceas e também lenhosas. Na maioria dos casos, as folhas são a parte mais usada (como acontece com as couves). Muitas destas espécies também são cultivadas como anuais.

Quanto à distribuição geográfica, a maioria das espécies são de climas húmidos, em particular, tropicais, mas também têm importância em climas temperados e semiáridos. Em todas as regiões encontram-se espécies com altos teores de nutrientes importantes na alimentação humana, em particular ferro, zinco, vitaminas A, C, E, ácido fólico, cálcio, magnésio e fibra. Entre as espécies de climas temperados podemos encontrar algumas bem conhecidas como infestantes, tais como as malvas, as urtigas, ou a silene (bermim ou erva-traqueira). São também destacadas espécies que não associamos para consumo humano das folhas, como a amoreira e a videira.

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