A primeira das fases que podemos identificar no novo modelo de agricultura de precisão é a recolha de dados e informações que, como já vimos no número anterior, fornecida com qualidade, na forma e no tempo certo, permite ao gestor agrícola desenvolver a sua actividade de uma forma muito mais informada e, consequentemente tomar as suas decisões de uma forma mais racional.
A crescente adopção deste novo modelo de gestão está directamente associada ao surgimento de diversas inovações tecnológicas. Destacamos o aparecimento do primeiro sistema global de navegação por satélite (Global Navigation Satellite Systems – GNSS) denominado GPS (Global Positioning System), desenvolvido nos EUA, e que se tornou operacional em 1995. A disponibilização de sinal de satélites GPS, rapidamente viabilizou a instalação de sensores receptores em máquinas colhedoras, possibilitando armazenar dados de produção instantânea associados à coordenada geográfica. O GPS está, por este motivo, na base de quase todos os sistemas de Agricultura de Precisão, uma vez que para determinar a variabilidade espacial de uma dada característica do solo ou de uma cultura é necessário conhecer a localização geográfica precisa de cada um dos pontos utilizados na amostragem.
Associado ao aparecimento do GPS estão os sistemas de informação geográfica (SIG). Na sua definição mais simples, um sistema de informação geográfica é uma aplicação informática quer permite associar informação de natureza espacial e informação alfanumérica. É pois uma ferramenta de natureza computacional para mapear e analisar coisas que existem e eventos que acontecem na superfície da Terra. A tecnologia SIG combina operações comuns em bases de dados tais como pesquisas e análises estatísticas com os benefícios únicos da visualização e análise geográfica oferecida pelos mapas. A grande diferença entre um SIG e outros sistemas de informação é a sua capacidade de manipular informação com base nos seus atributos espaciais. Esta possibilidade de relacionar camadas de dados através de atributos georreferenciados comuns, permite combinar, analisar e, finalmente, cartografar os resultados. Os SIG, ao permitirem criar mapas temáticos, integrar informação de mais diversa natureza, visualizar em simultâneo múltiplos cenários, resolver problemas complexos, apresentar ideias e soluções têm tido um crescimento na sua adopção e utilização. No sector agrícola, os SIG têm vindo a ser cada vez mais utilizados em planeamento e gestão a nível regional (gestão de perímetros de rega, estudos de emparcelamento, cartas de potencial agrícola) e a nível local na exploração (gestão de exploração, mapas de análises de solo, produção, etc).
Um exemplo prático de utilização de sistemas de informação geográfica a nível regional é o Sistema de Apoio à Determinação da Aptidão Cultural desenvolvido pela EDIA e pela Secção de Agricultura do Instituto Superior de Agronomia. A zona de atuação deste programa situa-se no Alentejo (predominantemente nos distritos de Beja e Évora) cobrindo uma área de cerca de
920 000 hectares. Este é um sistema de apoio à decisão suportado por um SIG que utiliza como informação de base as cartas de solos e de declives, dados meteorológicos e os requisitos específicos de cada cultura. A aptidão (técnica, económica e ambiental) para uma ou mais culturas, é estabelecida de acordo com uma chave de classificação em quatro classes: aptidão nula, aptidão reduzida, aptidão moderada e aptidão elevada. Com base nos resultados deste programa é possível, identificar as parcelas que têm uma melhor aptidão técnica, económica e ambiental para uma determinada cultura. Para mais informações: http://www.edia.pt/pt/o-que-fazemos/apoio-ao-agricultor/sisap/94
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