A intensificação e expansão da produção agrícola é cada vez mais apontada como imprescindível para alimentar a população mundial prevista para o futuro. No entanto a expansão de áreas agrícolas choca com a perda de biodiversidade e degradação ambiental, estas causa de redução de produtividade e de qualidade de vida.
A protecção do ambiente e conservação de habitats em regiões de produção agrícola tem sido proposta através duas formas, ora a partilha da área agrícola com a de conservação, ora a de criação de áreas estritamente protegidas. Outra forma de ver como a agricultura e a defesa do ambiente podem coexistir é através da análise e contabilização dos serviços de ecossistema que a agricultura pode fornecer, tais como melhoria da qualidade do ar, regeneração de nutrientes, sequestro de carbono, biodiversidade, entre outros.
O termo conservação de precisão surge assim como as estratégias onde a conservação do solo e da água se baseiam na combinação de tecnologias de georreferenciação, GPS, sensores remotos e procedimentos como análise de mapas e modelação. Nesta perspectiva, a conservação de precisão e a agricultura de precisão estão ligadas, pois usam o mesmo conjunto de ferramentas.
Com o objectivo de determinar melhor a forma mais eficaz de proteger e conservar o ambiente, cientistas canadianos recorreram à agricultura de precisão. Com dados de mapeamento espacial da produção agrícola criaram mapas de lucro de alta resolução. Depois usaram esses mapas para identificar áreas dentro dos campos onde o lucro seria muito baixo ou até negativo e, como tal, poderiam ser postas em pousio para serem áreas de conservação da paisagem ou de serviços de ecossistema. Para além desta análise propuseram diferentes estratégias de promoção da biodiversidade e dos serviços de ecossistema para estas áreas postas de parte (i.e. em set aside).
Para o cálculo do lucro por área, recorreram aos dados de um grupo de agricultores, que já recorrem a todas as ferramentas de agricultura de precisão. Usaram dados de três explorações ao longo de quatro a nove anos, dependendo da exploração. Cruzaram depois os dados de produção com os preços de mercado dos factores de produção e do milho e da soja, as duas culturas estudadas.
Para o cálculo de cenários alternativos de gestão das áreas retiradas de produção foram propostas oito alternativas. Com recurso a testes estatísticos relativamente simples, analisaram quais as estratégias de gestão eram significativamente melhores, piores ou iguais ao uso agrícola. As oito alternativas estudadas foram: uma combinação de flores silvestres autóctones; trevo comum; trevo branco; luzerna; facélia azul (planta malífera autóctone do Canadá); trigo-sarraceno; aveia; e uma combinação de aveia e ervilheira-brava.
Um primeiro resultado foi a grande variabilidade observada de ano para ano e entre explorações. Outro resultado foi que realmente as ferramentas da agricultura de precisão permitem identificar áreas dentro das explorações onde é mais rentável investir na conservação do ambiente do que na produção agrícola: nas três explorações combinadas, 14% da área cultivada dava prejuízo.
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